Nelson Dacio Tomazi[1]
“Quando nascemos, já encontramos prontos valores, normas, costumes e
práticas sociais. Também encontramos uma forma de produção da vida material que
segue determinados parâmetros. Muitas vezes, não temos como interferir nem como
fugir das regras já estabelecidas.
A
vida em sociedade é possível, portanto, porque as pessoas falam a mesma língua,
são julgadas por determinadas leis comuns, usam a mesma moeda, além de ter uma
história e alguns hábitos comuns, o que lhes dá um sentimento de pertencer a
determinado grupo [social].
O
fundamental é entender que o individual – o que é de cada um – e o comum – o
que é compartilhado por todos – não estão separados; formam uma relação que se
constitui conforme reagimos às situações que enfrentamos no dia-a-dia. (...)
algumas [pessoas] podem reagir e lutar, ao passo que outras se acomodam às
circunstâncias. Isso tudo é fruto das relações sociais. E é justamente nesse
processo que construímos a sociedade em que vivemos. Se as circunstâncias
formam os indivíduos, estes também criam as circunstâncias.
Existem vários níveis de interdependência entre a vida privada – a
biografia de cada pessoa – e o contexto social mais amplo. A vida de um
indivíduo está de alguma maneira, condicionada por decisões e escolhas que
ocorrem fora de seu alcance.
(...) a história de uma sociedade é feita por todos os que nela
vivem..., conforme seus interesses e seu poder de influir nas situações
existentes.
De
acordo com Norbert Elias, a sociedade não é um baile à fantasia, em que cada um
pode mudar a máscara ou a fantasia a qualquer momento. Desde o nascimento,
estamos presos às relações que foram estabelecidas antes de nós e que existem e
se estruturam durante nossa vida. [...] Daí, tomar uma decisão é algo
individual e social ao mesmo tempo, sendo impossível separar esses planos.Vimos até agora como o indivíduo atua na sociedade e como a sociedade atua na vida do indivíduo. O processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são formados por ela é chamado de socialização. A imagem que melhor descreve esse processo é a de uma rede tecida por relações sociais que vão se entrelaçando e compondo diversas outras relações até formar toda a sociedade.
Cada indivíduo, ao fazer parte de uma sociedade,
insere-se em múltiplos grupos e instituições que se entrecruzam, como a
família, a escola e a Igreja. E, assim, o fio da meada parece interminável
porque forma uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Ainda que cada
sujeito tenha sua individualidade, esta se constrói no contexto das
relações sociais com os diferentes
grupos e instituições dos quais ele participa, tendo por isso experiências
semelhantes ou diferentes das de outras pessoas. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia
para o ensino médio. 1ª Ed. São Paulo: Atual, 2007. Págs. 13-17
O indivíduo, sua história e a sociedade
Nossas escolhas, seus limites e repercussões. Das
questões individuais às questões sociais.
Cap. 1 - O individuo, sua história e a sociedade
(resumo)
• A noção de individuo ganha força na época moderna;
• A força da pessoa estava no seu grupo (família,
Estado, clã. Etc.) e não no individuo;
• Sec. XVI (reforma protestante) o ser humano
individual, tem “poder”; é criada a imagem e semelhança de Deus e não precisa
intermediário;
• Capitalismo e liberalismo: a felicidade humana é o
centro das atenções. Importa o fato de a pessoa ser proprietária de bens, de
dinheiro: uma visão capitalista.
• Socialização: tornar-se parte da sociedade.
Família / escola / meios de comunicação / bairro / igreja / clube. Nossas
relações cotidianas;
Nossas escolhas, seus limites e repercussões
• Nascemos dentro de regras estabelecidas pela
sociedade;
• Pertencemos a um grupo, pois vivemos juntos em
determinadas situações;
• Individual: o que é de cada um / comum:
compartilhado por todos. (não estão separados. As diversas circunstâncias criam
os indivíduos)
• Biografia e vida privada: a vida de um individuo
está condicionada por decisões e escolhas fora de seu alcance. Ex. leis (outros
fazem, com que intenções?); voto (outros escolhem candidatos para mi ou para o
partido?)
• As decisões individuais existem e alguns se
destacam, mas todos dependem dos outros.
• “A sociedade não é um baile a fantasia, onde
mudamos a todo o momento máscaras e roupas”. Estamos presos a relações.
Das questões individuais às questões sociais
• Questões sociais: aquelas que vão além de nosso
dia-a-dia como indivíduo, independem de nossa vida privada e está ligada a
estrutura de uma sociedade. Ex. desemprego.
• Desemprego: em parte social (estrutura econômica e
política) em parte individual (habilidades e potencialidades de cada um)
• Fatos históricos independentes nos atingem como
sociedade: crise de 1929 / Crise do petróleo em 1973 / 11 de setembro de 2001.
• Estes fatos prejudicaram os indivíduos e não
apenas a sociedade. È possível separar?
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