sábado, 25 de janeiro de 2014


ORTOGRAFIA : PARÔNIMOS E HOMÔNIMOS

Parônimos são palavras parecidas na grafia ou na pronúncia, mas com significados diferentes.

Eminente (elevado)
Iminente (prestes a ocorrer)
Ratificar (confirmar)
Retificar (corrigir)


Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia, mas significados diferentes.

Acento (símbolo gráfico)
Assento (lugar onde se senta)
Caçar (capturar animais)
Cassar (tornar sem efeito)
São (sadio, adjetivo)
São (verbo ser)

Parônimos

Absolver (perdoar, inocentar)
Absorver (sorver, aspirar)
Arrear (pôr arreios)
Arriar (descer, cair)
Cavaleiro (que cavalga)
Cavalheiro (homem cortês)
Comprimento (extensão)
Cumprimento (saudação)
Descrição (ato de descrever)
Discrição (reserva, prudência)
Descriminar (tirar a culpa, inocentar)
Discriminar (distinguir)
Despensa (onde se guardam mantimentos)
Dispensa (ato de dispensar)
Emigrar (deixar um país)
Imigrar (entrar num país)
Esbaforido (ofegante, apressado)
Espavorido (apavorado)
Estada (permanência de pessoas)
Estadia (permanência de veículos)
Flagrante (evidente)
Fragrante (perfumado)
Fusível (o que funde)
Fuzil (arma)
Imergir (afundar)
Emergir (vir à tona)
Inflação (alta dos preços)
Infração (violação)
Infligir (aplicar pena)
Infringir (violar, desrespeitar)
Mandado (ordem judicial)
Mandato (procuração)
Ratificar (confirmar)
Retificar (corrigir)
Recrear (divertir, alegrar)
Recriar (criar novamente)
Sortir (abastecer)
Surtir (produzir efeito)
Tráfego (trânsito)
Tráfico (comercio ilegal)
Vadear (atravessar a vau)
Vadiar (andar ociosamente)
Vultoso (volumoso)
Vultuoso (atacado de congestão na face)

 

Homônimos

Acender (pôr fogo)
Ascender (subir)
Apreçar (ajustar preço)
Apressar (tornar rápido)
Bucho (estômago)
Buxo (arbusto)
Cela (pequeno quarto)
Sela (arreio)
Censo (cerrar fechar)
Senso (entendimento, juízo)
Cerrar (fechar)
Serrar (cortar)
Chá (bebida)
Xá (antigo soberano do Irã)
Cheque (ordem de pagamento)
Xeque (lance no jogo de xadrez)
Concertar (ajustar)
Consertar (corrigir, reparar)
Coser (costurar)
Cozer (preparar alimentos)
Esperto (inteligente, perspicaz)
Experto (experiente, perito)
Espiar (observar, espionar)
Expiar (reparar falta, cumprindo pena)
Estrato (camada)
Extrato (o que se extrai de)
Incerto (impreciso)
Inserto (introduzido, inserido)
Incipiente (principalmente)
Insipiente (ignorante)
Ruço (pardacento, grisalho)
Russo (natural da Rússia)
Tachar (atribuir defeito a)
Taxar (fixar taxa)
Remição (resgaste)
Remissão (perdão)

 

 

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

ORTOGRAFIA: PARÔNIMAS E HOMÕNIMAS


1 - Nas questões abaixo, algumas palavras ou expressões apresentam grafia incorreta. MARQUE I PARA AS INCORRETAS E C PARA AS CORRETAS. As questões marcadas como incorretas deverão ser corrigidas.

 

(       ) Se ele realmente quisesse, seria uma boa pessoa.........................................................

(       ) É preciso atenção para compreensão de textos..............................................................

(       ) Ele ficou frustado com o problema...................................................................................

(       ) Prestarei acessoria jurídica quando me formar................................................................

(       ) O Meretíssimo Sr. Juiz de Direito da 2ª Vara é muito competente..................................

(       ) Tem pretensão de mudar de profissão algum dia? .........................................................

(       ) Não sei o que fazer, porisso me desespero. ...................................................................

(       ) O Exelentíssimo Juiz da 3ª Vara adoeceu hoje, portanto não comparecerá às audiências. .................................................................................................................................

(       ) A inscrição para o evento foi gratuita. .............................................................................

(       ) Eu comi dois mixtos quentes esta manhã. ......................................................................

(       ) Toda regra tem excessão. ...............................................................................................

(       ) Houve muita discursão sobre o assunto. ........................................................................

(       ) Para quem quiser, há sempre alguma coisa a fazer pelos outros. .................................

(       ) Ele entrou derrepente na sala. ........................................................................................

(       ) Não houve empecílios para a realização do evento. ......................................................

(       ) A atividade foi muito prazerosa. ......................................................................................

(       ) O acessor encomendou muitos presentes para o fim do ano. ........................................

(       ) Mesmo nos momentos de indisciplina, é importante manter a calma. ............................

(       ) Ele é muito pretencioso. ..................................................................................................

(       ) Por traz de um grande homem, há sempre uma grande mulher. ...................................

(       ) Ficou prostado com a situação. ......................................................................................

(       ) Se ele realmente quisesse, seria uma boa pessoa. ........................................................

(       ) Falta consciência coletiva para melhorar o mundo. ........................................................

 

2- A grafia da palavra sublinha está incorreta em:

a)    O deputado defendeu a descriminação da maconha.

b)    Sua ascensão à presidência da firma surpreendeu a todos.

c)    Todos o julgavam, com razão, demasiadamente pretencioso.

d)    Os deputados não queriam acabar com os próprios privilégios.

e)    A disputa entre os cônjuges só poderia ser resolvida nos tribunais.


3 –
Circule nos parênteses o parônimo ou homônimo que preenche adequadamente cada lacuna.

a)    Ele é muito ignorante naquela matéria, logo é um ....................................... (incipiente-insipiente)

b)    Quero .......................................  sempre minha roupa. (coser-cozer)

c)    O juiz .......................................  o réu. (absolveu-absorveu)

d)    O ....................................... de prisão era claro, por isso ele fugiu do oficial. (mandado-mandato)

e)    As campanhas.......................................tentam minimizar os problemas. (beneficente-beneficiente)

f)     Quero me ....................................... para não perder o horário. (apressar-apreçar)

g)    A .......................................  do perfume era deliciosa. (fragrância-flagrância)

h)    Durante os intervalos, é preciso....................................... para distrair. (recrear – recriar)

i)      Quero....................................... as cortinas para não ver a rua. (cerrar-serrar)

j)      Ele....................................... sempre quando faz ginástica. (sua-soa-assoa)


4 – Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: “Por ___________ as normas de trânsito, as autoridades houveram por bem ___________-lhe um pesado castigo: ________ sua Carteira de Habilitação”.

a) infrigir/ infligir/cassar
b) infringir/inflingir/cassar
c) infringir/infligir/caçar
d) infringir/inflingir/cassar
e) infrigir/inflingir/cassar
 


5 –
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

“Era____________________a descoberta de novos campos produtivos quando o____________________desfalque no sistema financeiro da empresa”.

 

a) iminente/eminente/voltuoso
b) eminente/eminente/voltuoso
c) iminente/iminente/vultoso
d) iminente/eminente/vultoso
e) eminente/iminente/vultuoso
 


6 – Nos pares de palavras abaixo, identifique qual a grafia correta:

a) Mendingo ou mendigo

b) Beneficente ou beneficiente

c) estuprada ou estrupada

d) companhia ou companhia

e) dignitário ou dignatário

f) cabelereiro ou cabeleireiro

g) adivinhar ou advinhar

h) lagartixa ou largartixa

 i) ritmo ou ritimo

 

7 – (PUC-CAMPINAS/SP) Barbarismos ortográficos acontecem quando as palavras são grafadas em desobediência à lei ortográfica vigente. Indique a única alternativa que está de acordo com essa lei e, por isso, correta:

 

a) discernir/herbívoro/fixário

b) desenteria/pretensão/secenta

c) ascensão/intercessão/esplêndido

d) rejeição/berinjela/xuxu

e) jeito/mecher/consenso


8 - (ITA/SP) Dadas as palavras:

I) disenteria
II) deferimento
III) esplendor

Verificamos que está (estão) corretamente grafada(s):

a) Apenas nº I
b) Apenas nº II
c) Apenas nº III
d) nº I e II
e)todas  alternativas


9 - (U.E./B.A.) Mesmo que .............. não conseguiríamos ............... na equipe de trabalho o nosso ............. colega.

a) quiséssemos / encaichar / pretencioso
b) quiséssemos / encaixar / pretensioso
c) quiséssemos / encachar / pretensioso
d) quiséssemos / encaxar / pretensioso
e) quiséssemos / encaichar / pretencioso
 

 

10 - (ITA/SP) Dadas as palavras:

I) atravez
II) cortês
III) atráz

Constatamos que está (estão) devidamente grafada(s):

a) Apenas nº I
b) Apenas nº II
c)Apenas nº III
d) todas alternativas
e) n.d.a


11 - (U.F. PELOTAS/RS) .......... de nosso esforço, o trabalho ficou ...........

a) a pesar / paralisado
b) a pezar / paralizado
c) apesar - paralisado
d) apesar / paralizado
e) apezar - paralizado
 


12 - Complete a seguinte frase:

“As palavras RATIFICAR E RETIFICAR são ......................... e têm por sinônimo, respectivamente, ................... e ........................”

a) homônimas / corrigir / refazer
b) homônimas / repor / concertar
c) parônimas / confirmar / corrigir
d) parônimas / corrigir / afirmar
e) antônimas / confirmar / compor
 

 

13 - Dê o significado de docente, discente, infringir e emergir, respectivamente:


a) relativo a professor, a aluno, violar, subir
b) relativo a professor, a aluno, transgredir, descer
c) relativo a aluno, professor, violar, subir
d) relativo a aluno, professor, violar, afundar

 

ATIVIDADES

1 – Copie as frases abaixo fazendo a opção pelo homônimo ou pelo parônimo adequado a cada caso:

a) Não sei o que é mais útil (coser, cozer) as próprias roupas ou (coser, cozer) a própria comida.

b) É provável que poucas pessoas (viagem, viajem) nestas férias. O preço de uma (viagem, viajem) está proibitivo.

c) O deputado foi (tachado, taxado) de fisiológico. Seu único desejo era ter (tachado, taxado) ainda mais os produtores e trabalhadores.

d) Resolveu tomar uma xícara de (chá, xá) após ter-se encontrado com um lunático que dizia ser o (chá, xá) da Pérsia.

e) Fui colocado em (cheque, xeque) quando o gerente da loja recusou-se e aceitar meu (cheque, xeque).

f) A (cessão, seção, sessão) de terras aos posseiros foi decidida pela Assembleia Legislativa em (cessão, seção, sessão) extraordinária. A legalização das doações deverá ser feita pela (cessão, seção, sessão) competente do Ministério Público.

g) Não teve tempo de (espiar, expiar) as culpas antes de (espiar, expirar).

h) A (tenção, tensão) de fazer um (censo, senso) em 1990.

i) A (incipiente, insipiente) tecnologia brasileira não encontra estímulos ao seu desenvolvimento.

j) A (cessão, seção, sessão) da Câmara decretou que o deputado suspeito tivesse seu (mandato, mandado) (caçado, cassado).

k) A vontade de (acender, ascender) socialmente o fazia um hipócrita inescrupuloso. Rendia (pleitos, preitos) a diversos figurões, sem nenhuma exceção.

l) Agiu com (descrição, discrição) ao ser convocado para fazer a (descrição, discrição) dos envolvidos no caso.

m) Inutilmente, várias entidades protestaram contra a (descriminação, discriminação) pela qual os jurados haviam decidido. Afinal, tratava-se de um crime de (descriminação, discriminação) racial.

 

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO – SEPARAÇÃO DE SÍLABAS

 

1- Dadas as palavras

a) tung – stê - nio           b) bi – a – vô      c) du – e – lo

Constatamos que a separação de silabas está correta em

a) em duas palavras
b) apenas na palavra da letra b
c) apenas na palavra da letra c
d) em todas as palavras

 

2 – Está correta a separação silábica de todas as palavras da opção:

 

a) cai–xi–nhá    ba–lai–o    pro–fes-sor
 
b) res– pon–di–a     si–len–ci–o a–bo–toan-do
                  
 
c) i-gno-ra         po-é-ti-ca   his-tó-ria
 
 

d) me-lan-co-lia      obs-cu-ro     p-neu
 

3 – Separe em sílabas as palavras:
 

Gratuito
Tradições
Rubrica
Processo
Possui
Ideia
Passarinho
Saída
Bisavô
Plurissignificativa
Transatlântico
Linguagem
Subterrâneo
Orações
Subestimar
Ameixa
Papagaio
Suboficial
Biologia
Ritmo

 

 ORTOGRAFIA – EXPRESSÕES QUE CAUSAM DÚVIDAS

1.   BEM-VINDO/ BENVINDO

A saudação é BEM-VINDO (=bem recebido):
“Seja bem-vindo.”
“Ele será bem-vindo a esta cidade.”
BENVINDO é nome próprio de pessoa:
“Ele se chama Benvindo.”

 

2.   EM VEZ DE/ AO INVÉS DE
AO INVÉS DE = ao contrário de:
“Ele entrou à direita ao invés da esquerda.’
“Subiu ao invés de descer.”
EM VEZ DE = em lugar de:
“Foi ao clube em vez de ir à praia.”
“Apertou o botão vermelho em vez do azul.”


OBSERVAÇÃO:
Como AO INVÉS DE só pode ser usado quando há a ideia de “oposição”, sugiro que se use sempre EM VEZ DE.
EM VEZ DE pode ser usado sempre que existe a ideia de “substituição, troca”, mesmo se for de “oposição”.

 

3.   MAIS/ MAS / MÁS
MAIS = opõe-se a MENOS:
“Hoje estou mais satisfeito.” (=poderia estar menos satisfeito)
“Compareceram mais pessoas que o esperado.” (=poderiam ser menos pessoas)
MAS = porém, contudo, todavia, entretanto:
“Estudou mas foi reprovado.” (=porém)
“Não foram convidados, mas vieram à festa.” (=entretanto)
MÁS = plural do adjetivo MÁ; opõe-se a BOAS:
“Não eram más ideias.” (=eram boas ideias)
“Estavam com más intenções.” (=não tinham boas intenções)

 

4.  PORISSO/ POR ISSO
“PORISSO” não existe.
Use sempre POR ISSO:
“Ele trabalha muito, por isso merece uns dias de folga.”

 

5.  SENÃO/ SE NÃO
SE NÃO = se (conjunção condicional = caso) + não (advérbio de negação):

“Se não chover, haverá jogo.” (=Caso não chova)
“O presidente nada assinará, se não houver consenso.” (=caso não haja consenso)
Usaremos SENÃO em quatro situações:
SENÃO = de outro modo, do contrário:
“Resolva agora, senão estamos perdidos.” (=do contrário estamos perdidos);
SENÃO = mas sim, porém:
“Não era caso de expulsão, senão de repreensão.” (=mas sim de repreensão);
SENÃO = apenas, somente:
“Não se viam senão os pássaros.” (=somente os pássaros eram vistos);
SENÃO = defeito, falha:
“Não houve um senão em sua apresentação.” (=não houve nenhuma falha, nenhum defeito).

 

6.  SOB/ SOBRE

SOB = embaixo:
“Estamos sob uma velha marquise.”
“Ficou tudo sob controle.”
SOBRE = em cima de:
“A lágrima corria sobre a face.”
“Deixou os livros sobre a mesa.” (=em cima da mesa)

 

7.   TAMPOUCO/ TÃO POUCO

TAMPOUCO = nem:
“Não trabalha tampouco estuda. (=nem estuda)
OBSERVAÇÃO:
“Não trabalha nem tampouco estuda.” (=nem tampouco é redundante)
Basta: “Não trabalha nem (ou tampouco) estuda.”
TÃO POUCO = muito pouco:
“Estudou tão pouco que foi reprovado.”

 

8.  TODO / TODO O

TODO = qualquer:
“Ele realiza todo trabalho que se solicita.” (=qualquer trabalho)
“Toda mulher merece carinho.” (=todas as mulheres)
“Todo país tem seus problemas.” (=qualquer país, todos os países)
TODO O = inteiro:
“Ele realizou todo o trabalho.” (=o trabalho inteiro)
“Acariciava toda a mulher.” (=a mulher inteira)
“Haverá vacinação em todo o país.” (=no país inteiro)

Um forte abraço. Nosso minicurso continua na próxima semana.

 

9.   A/ HÁ
“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui A ou HÁ uma semana”?
O correto é “…daqui A uma semana”.

a) HÁ (=de verbo HAVER) só poderia ser usado caso se referisse a um
tempo já transcorrido:
“Não nos vemos há dez dias.” (=FAZ dez dias que não nos vemos)
“Há muito tempo, ocorreu aqui uma grande tragédia.” (=FAZ muito tempo)

b) A = quando a ideia for de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “a”:
“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui a uma semana.”
“Só nos veremos daqui a um mês.”

Decore a “dica”:
Tempo passado = HÁ (=FAZ);
Tempo futuro     =  A

Observação: 
Quando a ideia for de “distância”, também devemos usar a preposição “a”:
“Estamos a dez quilômetros do estádio.”
“O estacionamento fica a poucos metros do aeroporto.”

 

10.   A CERCA DE/ HÁ CERCA DE / ACERCA DE?

a) A CERCA DE = A (preposição) + CERCA DE (perto de,
aproximadamente):
“Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio.” (=Estamos aproximadamente a dez quilômetros do estádio – ideia de distância);

ou       A CERCA DE = A (artigo) + CERCA (substantivo) + DE (preposição):
“A cerca de arame farpado foi cortada.”

b) HÁ CERCA DE = HÁ (verbo) + CERCA DE (perto de,
aproximadamente):
“Não nos vemos há cerca de dez anos.” (=FAZ aproximadamente dez anos que não nos vemos);
ou       “Há cerca de dez pessoas na sala de espera.” (=EXISTEM perto de dez pessoas na sala de espera);

c) ACERCA DE = a respeito de, sobre:
“Falávamos acerca do jogo de ontem.”

 

11.   ABAIXO/ A BAIXO

a) ABAIXO = embaixo, sob:
“Sua classificação foi abaixo da minha.”

b) A BAIXO = para baixo, até embaixo:
“Ela me olhava de alto a baixo.”


12. 
ABAIXO-ASSINADO / ABAIXO ASSINADO

a) O documento que se assina é um ABAIXO-ASSINADO:
“Entregamos o abaixo-assinado ao diretor.”

b) Quem assina o documento é um ABAIXO ASSINADO:
“O abaixo assinado, Dr. Fulano de Tal, vem respeitosamente…”

 

13.   AFIM/ A FIM

a) Quem tem afinidades são pessoas AFINS:
“As duas têm pensamentos afins”.

“Ele é afim de Fernanda”. (no sentido de parente)

b) A FIM DE= para, com o propósito de:
“Estuda a fim de vencer a barreira do vestibular.”
“Veio a fim de trabalhar.”

 

14.   A PAR/  AO PAR?

a) A PAR = estar ciente:
“Ele está a par de tudo.”

b)
 AO PAR = título ou moeda de valor idêntico:
“O câmbio está ao par.”

 

15.   AO ENCONTRO DE/  DE ENCONTRO A

a) AO ENCONTRO DE = a favor, em conformidade:
“Qualidade é ir ao encontro das necessidades e das expectativas do cliente.”
“Estamos satisfeitos porque sua decisão vai ao encontro das nossas reivindicações.”

b) 
DE ENCONTRO A = ir contra, idéia de oposição:
“Ficamos insatisfeitos porque a sua proposta vai de encontro aos nossos desejos.”
“Discutimos pois suas ideias vão de encontro às minhas.”

 

16. QUE/QUÊ 

Que: pronome, conjunção, advérbio ou partícula expletiva: 
Ex: Convém que o assunto seja esquecido rapidamente. 

Quê: monossílabo tônico, substantivo, ou interjeição. 
Ex: Você precisa de quê? 

 

17. DEMAIS/DE MAIS 

Demais:
 advérbio de intensidade, sentido de “muito”. 
Ex: Você é chato demais. 
Demais também pode ser pronome indefinido, sentido de “os outros”. 
Ex: Alguns professores saíram da sala enquanto os demais permaneceram atentos às orientações. 

De mais: opõe-se a de menos. 
Ex: Não vejo nada de mais em seu comportamento. 

 

18. NA MEDIDA EM QUE/ À MEDIDA QUE

Na medida em que: equivale a porque, já que, uma vez que. 
Ex: Na medida em que os projetos foram abandonados, os estagiários ficaram desmotivados. 

À medida que: indica proporção, equivale a à proporção que. 
Ex: A emoção aumentava à medida que o momento da apresentação se aproximava.

19. MAL/MAU 

Mal:
 advérbio (opõe-se a bem), como substantivo indica doença, algo prejudicial: 
Ex: Ele se comportou muito mal. (advérbio) 
Ex: A prostituição infantil é um mal presente em todas as partes do Brasil. (substantivo) 

Mau: adjetivo (ruim, de má qualidade) 
Ex: Ele não é um mau sujeito. 

 

20. ONDE/AONDE: 

Onde: lugar em que se está ou que se passa algum fato: 


Ex: Onde você foi hoje? 


Aonde: indica movimento (refere-se a verbos de movimento):

Ex: Aonde você vai? 

 

21. MEIO/ MEIA

Meio: quando for equivalente a "um pouco" ou "mais ou menos". Trata-se de um advérbio, por isso é invariável (não muda no plural nem no feminino). Exemplos: 

O vitrô ficou meio aberto. 

A janela ficou meio aberta. 

As janelas ficaram meio abertas. 

Meio/meia: quando for equivalente a "metade". É adjetivo, por isto é variável (muda no feminino e no plural). Exemplos: 

Andaram meio quilômetro dentro do mato. 

Andaram meia légua antes de encontrarem água. 

Agora é meio-dia e meia (hora). 

 

22. A PRINCÍPIO/ EM PRINCÍPIO/ POR PRINCÍPIO

A princípio significa: no começo, inicialmenteantes de mais nada, antes de tudo, antes de qualquer coisa:

A princípio, gostaria de dizer que estou bem.

 A princípio, pensava em sair, mas arrependeu-se.

Em princípio equivale a: em tese, de modo geral:

Todos, em princípio, são iguais perante a lei.

Em princípio, todos o estimavam.

Em princípio, todos concordaram com minha sugestão.

Por princípio quer dizer por convicção:

Por princípio, não tolero pessoas racistas.

 

USO DOS PORQUÊS

Há quatro maneiras de se escrever o porquê: porquê, porque, por que e por quê. Vejamo-las:

Porquê

É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado, quando for precedido de artigo (o, os),
pronome adjetivo (meu(s), este(s), esse(s), aquele(s), quantos(s)...) ou numeral (um, dois, três,
quatro)

Exemplos:

• Ninguém entende o porquê de tanta confusão.
• Este porquê é um substantivo.
• Quantos porquês existem na Língua Portuguesa?
• Existem quatro porquês.

Por quê

Sempre que a palavra que estiver em final de frase, deverá receber acento, não importando qual seja o elemento que surja antes dela.

Exemplos:

• Ela não me ligou e nem disse por quê.
• Você está rindo de quê?
• Você veio aqui para quê?

Por que

Usa-se por que, quando houver a junção da preposição por com o pronome interrogativo que ou com o pronome relativo que. Para facilitar, dizemos que se pode substituí- lo por por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por qual.

Exemplos:

• Por que não me disse a verdade? = por qual razão
• Gostaria de saber por que não me disse a verdade. = por qual razão
• As causas por que discuti com ele são particulares. = pelas quais
• Ester é a mulher por que vivo. = pela qual

Porque

É uma conjunção subordinativa causal ou conjunção subordinativa final ouconjunção
coordenativa explicativa, portanto estará ligando duas orações, indicando causa, explicação ou
finalidade. Para facilitar, dizemos que se pode substituí-lo por já que, pois ou a fim de que.

Exemplos:

• Não saí de casa, porque estava doente. = já que
• É uma conjunção, porque liga duas orações. = pois
• Estudem, porque aprendam. = a fim de que

 


 

Exercícios

Complete com  MAIS, MAS ou MÁS:

 

01 - Pedro estuda, ______________ não aprende.

02 - Vendeu ______________  livros neste mês que no anterior.

03 - Bonitinha, ______________  ordinária.

04 - A população pede ______________  escolas.

05 - Ela não é bonita, ______________  conquista pela simpatia.

06 - Ele foi quem ______________ tentou; ainda assim, não conseguiu.

07 - Dizem as ______________  línguas que ele vai ser o nosso prefeito.

08 - Municípios exigem ______________  escolas.

09 - Amor é igual fumaça: sufoca, passa.

10 - Este país está cada dia ______________  violento.

11- Tentei chegar na hora, ______________  me atrasei.

12 - Não ganhei o prêmio, ______________  dei o melhor de mim.

13 - As ______________  ações empobrecem o espírito.

14 - É o Rio de Janeiro a cidade ______________ violenta do Brasil?

15 - Estes alunos estão ______________ bem preparados que aqueles.

16 - É um dos países ______________ miseráveis do planeta.

17 - Elas pareciam invencíveis, ______________  foram derrotadas.

18 - Ele trabalha muito, ______________  ganha pouco.

19 - Todos querem ______________  amor.

20 - Queria viajar, ______________  não consegui comprar passagem.

21 - As pessoas deste lugar são muito ______________ .

22 - Ela é ______________ atenciosa que as outras.

 

Complete com a palavra adequada:

 

1. Você agiu muito...................por não repreender aquele.............elemento (mau-mal).

2. Tenha a certeza absoluta de que não te quero........................(mau-mal)

3. Aquele povoado foi atacado por um........................terrível (mau-mal)

4. Trata-se de uma questão............................resolvida (mau-mal)

5. Agora é um..........................momento para se comprar dólares. (mau-mal)

6. Daqui........................pouco chegaremos..........Maceió. (a- há)

7.................Muito tempo que não vejo Luciana. (a- há)

8. De São Paulo.................Campinas...............uma distância de 90 quilômetros. (a -há)

9. A aula começará daqui........................dez minutos. (a- há)

10. Estou esperando Maria Helena..........................mais de duas horas. (a -há)

11. .......................estão aqueles livros? (Onde- Aonde)

12. Não sei.....................te encontrar (onde -aonde)

13. ....................você vai amanhã? (onde -aonde)

14. Pense nos ideais.......................batalhamos todos os dias. (por que- porque)

15. Eles não vieram à reunião......................? (por que – por quê – porquê)

16. Ainda vou descobrir o .................dessa polêmica. (porque – por quê – por que –porquê)

17.Ele teve...............uma decepção,...................agora já está......................conformando.

18.Eu sabia que você........................cedo ou.....................tarde iria voltar (mas- mais)

19.O diretor tomou medidas que vêm..........................às reivindicações dos alunos,

tornando, desse modo, inevitável o movimento dos alunos (ao encontro, de encontro)

20. O diretor tomou medidas que vêm ..........................reivindicações dos alunos,

evitando, dessa forma, o movimento dos alunos. (ao encontro de – de encontro às).

21. Estamos aqui...............................resolvermos esses problemas. (a fim de, afim, afins).

22. Haviam insistido...................................(demais – de mais).

23. Os .............................demais podem sair! (demais, de mais).

24. Ele estava...........da situação. O dólar realmente está...............do euro. (a par, ao par).

25.Chico.........de você ficar triste, pegue o telefone e ligue para ela. (ao invés de – em vez).

26.............de você ficar pensando nela, pense em mim. (ao invés de – em vez de).

27...........fosse meus amigos, hoje eu não estaria estudando aqui. (senão- se não).

28. Todos os dias ele não faz outra coisa....................reclamar. (se não – se não).

29. “Não há............que sempre dure nem..........que sempre perdure”. (mal-mau).

30. ..........Você faltou ontem?. Aliás, Ana também faltou...........? (porque – por

que – por quê – porquê).

31 . O Juiz...................o assassino de Maria Eduarda. (descriminou – discriminou).

32 . Já começou a......................de cinema? (seção – sessão – cessão)

33. Na semana do meio ambiente, a professora pegou alguns alunos

no........................(flagra – fragra).

34. O carro precisa de alguns...................(concertos – consertos)

35. Ele não tem ...................de humor. (censo – senso).

36. Comprei.................de carne e...................dúzia de laranjas. (meia – meio)

37. Não estou....................de ir ao cinema hoje. ( a fim de – afim).

38. Papai me deixou ir ao cinema.................com uma condição...(mas – mais)

39. Estou feliz, pois suas idéias .......................com as minhas. (vêm de encontro

– vão ao encontro).

40..........................., significa separar. (discriminar – descriminar).

 

Complete com  SENÃO  ou  SE NÃO:

 

01 - Vá de uma vez, ______________   você vai se atrasar.

02 - Nada mais havia a fazer ______________  conformar-se com a situação.

03 - O presidente nada assinará ______________   houver consenso.

04 - Luta, ______________   estás perdido.

05 - Não era ouro nem prata, ______________  ferro.

06 - Havia dois jogadores, ______________três.

07 - Não encontrei um ______________ na apresentação da peça.

08 - ______________for possível despachar a mercadoria, telefone-me.

09 – E foi ______________ quando os presentes o puderam desmascarar.

10 - Quem poderia ser ______________ você?

11 - Acha que haveria muitas pessoas em frente ao televisor ______________ tivesse uma boa imagem?

12 - Ninguém, ______________ você, me escreveu.

13 - Seremos advertidos ______________ forem trabalhar.

14 – Não visitava ninguém ______________ a eles.

15 - Se convém, é delicado; ______________, é taxativo.

16 - Eis a vantagem, disse, ______________ela nunca o procuraria.

17 - Não era nem um nem dois, ______________ uma verdadeira multidão.

18 – Não o fez para irritá-lo, ______________para adverti-lo.

19 - Ninguém, ______________ os irmãos Correa, compareceram à cerimônia.

20 - ______________chover, iremos passear.

21 - Não existe nenhum ______________ neste trabalho.

22 - Anote o meu endereço, ______________você o esquece.

23 - Criança não quer outra coisa ______________ brincar.

24 - ______________ fizer sol, não iremos à praia.

25 - Não havia um ______________ naquele rapaz.

26 - A vida não é ______________ um sonho.

27 - ______________ sabe, procure informar-se.

28 – Não fazia outra coisa ______________ chorar.

29 - ______________ trouxer os documentos, não poderá entrar.

30 - Não conseguia pensar em mais nada ______________ nos filhos.

31 - Espero que não me culpes ______________ der certo.

32 - Faça isso, ______________haverá problemas.

33 – Não era caso de expulsão, ______________ de repreensão.

34 - Nada faziam ______________ dormir.

 

 

TIPOLOGIA TEXTUAL

 

TEXTOS DISSERTATIVOS – NARRATIVOS E DESCRITIVOS

 

ESCREVER

 

Escrever bem é uma das tarefas mais importantes e frequentes do mundo atual. A boa escrita e o entendimento do idioma são fundamentos da capacidade de ser e realizar, da cidadania e da competência.

 

ESCREVER E LER SÃO ATOS INDISSOCIÁVEIS

 

O TEXTO ESCRITO

 

Descrever, narrar e dissertar são três habilidades que fazem parte do amplo e multifacetado processo de aprendizagem e vivência de uma língua. Elas dão origem aos chamados gêneros redacionais, que, com finalidade didática, dividem os textos em descritivos, narrativos e dissertativos.

Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.(MARCUSCHI, 2002).

 

TIPOS DE TEXTOS

 

Ø  Narração: Narrar é contar. Nas narrações, somos chamados a contar as nossas histórias: as vividas, as imaginárias, as ouvidas, as lidas etc. Ao narrar, criamos personagens, construímos enredos. A narração exige de nós muita imaginação criadora: o que acontece, como acontece, com quem, onde, como e quando. Para isso, o texto narrativo apresenta uma sequência de fatos, em que há a presença de narrador, personagens, enredo, objetos, cenário, tempo, apresentação de um conflito; uso de verbos de ação; geralmente, é mesclado de descrições; o diálogo direto e indireto são frequentes.

 

Ø    Descrição: Descrição é o universo estático - retrato de pessoas, objetos, ambientes, paisagens. Predomínio de atributos – uso de verbos de estado; frequente emprego de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem; tem como resultado a imagem física ou psicológica.

Ø  Dissertação: Dissertação é o universo do cotidiano – texto de intenção persuasiva; defende-se um ponto de vista sobre determinado assunto fundamentado com argumentos consistentes; linguagem com padrão formal da língua. Tudo isso para possibilitar a defesa de um argumento. Estrutura: apresentação de um exórdio que será defendido, desenvolvimento ou argumentação e fechamento. Neste tipo de texto há o predomínio da linguagem objetiva e prevalece a denotação.

 

Assim, os elementos estruturais de um texto dissertativo são:

  • Tema: o assunto sobre o qual se escreve.
  • Ponto de vista: a posição que se assume diante do tema.
  • Argumentação: a fundamentação do posicionamento, a defesa do ponto de vista.

 

A dissertação e a argumentação têm características próprias. O objetivo da dissertação é explicar ou interpretar ideias. A argumentação visa convencer o interlocutor.

Na argumentação, além de externamos nossa opinião sobre um determinado assunto, tentamos formar a opinião de quem nos lê ou ouve, através da apresentação de razões em face de evidência das provas.

 

A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO PADRÃO

Tradicionalmente o texto dissertativo apresenta uma estrutura constituída por três partes: a tese, o desenvolvimento e a conclusão. Essa estrutura, quando bem articulada, contribui para que as ideias sejam expostas com clareza e objetividade.

Ø  TESE

É a ideia que se deseja desenvolver ou provar na dissertação. Normalmente, encontra-se na introdução do texto, ou seja, no parágrafo de abertura, responsável pela apresentação do assunto.

A tese pode ser acompanhada de exemplos, de dados estatísticos, de situações ou casos ilustrativos; pode também consistir em uma pergunta. O importante é que ela seja formulada com clareza e se articule harmonicamente com o restante do texto.

 

Ø  DESENVOLVIMENTO:

Esta é a parte fundamental da dissertação, dela depende a profundidade, a coerência e a coesão do texto. Deve-se fazer uma prévia das ideias que fundamentarão a tese e dividi-las em parágrafos.

A princípio, como critério organizador, cada ideia do desenvolvimento poderá constituir um parágrafo, claro que com a devida flexibilidade. Entre os parágrafos, deve haver uma concatenação natural das ideias; para isso auxiliam certos conectores, como “por outro lado”, “além disso”, “mesmo assim”, entre outros, garantem coesão ao texto.

 

Ø  CONCLUSÃO:

É a parte final do texto, para a qual convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. Há dois tipos básicos de conclusão:

·         Resumo: retoma e sintetiza as ideias anteriormente desenvolvidas.

·          Sugestão: são feitas propostas para a resolução de problemas.

 

ATIVIDADES DE DISCUSSÃO

 

1 – Identifique os elementos que caracterizam os textos abaixo, classificando-os em descritivos, narrativos ou dissertativos, justificando sua resposta.

 

Texto 1: Macunaíma em São Paulo

Quando chegaram em São Paulo, ensacou um pouco do tesouro para comerem e barganhando o resto na bolsa apurou perto de oitenta contos de réis. Maanape era feiticeiro. Oitenta contos não valia muito, mas o herói refletiu bem e falou pros manos:

- Paciência. A gente se arruma com isso mesmo, quem quer cavalo sem tacha anda de a-pé. Com esses cobres é que Macunaíma viveu.

 

(ANDRADE,  Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. 15ª ed. São Paulo, Martins, 1968, p. 50)

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Texto 2:

            Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão por aquele céu morno, o frescor das águas se exalava como um suspiro do leito de Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pela ponte. As luzes se apagavam uma por uma nos palácios, as ruas se faziam ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma – A face daquela mulher era como de uma estátua pálida. Pelas faces dela, como gosta de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas.

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Texto 3:

            Muitos debates têm havido sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentavam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e relacioná-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreensão dos problemas sócio-econômicos e que despertasse no aluno a curiosidade científica seria por demais desejável.

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Texto 4:

            A declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, manteve-se silente em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, o que era compreensível pelo momento histórico de afirmação plena dos direitos individuais.

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Texto 5:

            “Só depois da chegada de Malvina, Isaura deu pela presença dos dois mancebos, que a certa distância a contemplavam cochichando a respeito dela. Também pouco ouvia ela e nada compreendeu do rápido diálogo que tivera lugar entre Malvina e seu marido. Apenas estes se retiraram ela também se levantou e ia sair, mas Henrique, que ficaria só, a deteve com um gesto”.

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FATORES DE TEXTUALIDADE: COERÊNCIA E COESÃO

 

Quando escrevemos um texto, uma das maiores preocupações é como amarrar a frase seguinte à anterior. Isso só é possível se dominarmos os princípios básicos de coesão. A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores para não perdemos o fio do pensamento. De outra forma, teremos uma sequência de frases sem sentido, sucedendo-se umas as outras sem muita lógica, sem nenhuma coerência.

A coesão, no entanto, não é só esse processo de olhar constantemente para trás. É também o de olhar para adiante. Um termo pode esclarecer-se somente na frase seguinte. Se minha frase inicial for  Pedro tinha um grande desejo, estou criando um movimento para adiante. Só vamos saber de que desejo se trata na próxima frase:  ele queria ser médico. O importante é cada enunciado estabelecer relações estreitas com os outros a fim de tornar sólida a estrutura do texto.

Mas não basta costurar uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é preciso pensar coerência. Você pode escrever um texto coeso sem ser coerente. Por exemplo:

 

Os problemas de um povo têm de ser resolvidos pelo presidente. Este deve ter ideias muito elevado. Esses ideais se concretizarão durante a vigência de seu mandato. O seu mandato deve ser respeitado por todos.

 

Ninguém pode dizer que falta coesão a esse parágrafo. Mas de que ele trata mesmo? Dos problemas do povo? Do presidente? Do seu mandato? Fica difícil dizer. Embora ele tenha coesão, não tem coerência. Retomar a cada frase uma palavra da anterior não significa escrever bem. A coesão não funciona sozinha. No exemplo acima, teríamos que, de imediato, decidir qual a sua palavra-chave:  presidente ou problemas do povo? A palavra escolhida daria estabilidade ao parágrafo. Sem essa base estável, não haverá coerência no que se escrever; e o resultado será um amontoado de ideias. Enquanto coesão se preocupa com a parte visível do texto, sua superfície, a coerência vai mais longe, preocupa-se com o que se deduz do todo.

A coerência exige uma concatenação perfeita entre as diversas frases, sempre em busca de uma unidade de sentido. Você não pode dizer, por exemplo, numa frase, que o “desarmamento da população pode contribuir para diminuir a violência”, e, na seguinte, escrever: “Além disso, o desemprego tem aumentado substancialmente”. É flagrante  a incoerência existente entre elas.

 

Vejamos o texto abaixo:

Ulysses era impressionante sobre vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o contraste entre as longas pálpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas de ferro, e os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam profundezas insondáveis. Quando ele as abria parecia estar chegando de regiões inacessíveis, a região dentro de si onde guardava sua força.

Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21, out.1992.

 

Esse trecho de reportagem gira em torno de Ulysses Guimarães, que é sua palavra-chave. É direta ou indireta do nome de Ulysses que dá estabilidade ao texto, encaminhando-o numa só direção: fazer uma descrição precisa desse político brasileiro. Além disso, as frases estão bem amarradas porque seu redator soube usar com precisão alguns dos recursos de coesão textual, tanto dentro da frase, quanto ao passara de uma frase para outra. A coesão interna é tão importante quanto a externa.

Vejamos em primeiro lugar os recursos de que Roberto Pompeu se utiliza para manter a coesão dentro de cada frase:

1 – na primeira frase, vários aspectos projeta o texto para adiante. A palavra aspectos é retomada pelo segmento o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura.

2 – na segunda frase, o pronome relativo que retoma as longas pálpebras: que (as quais) subiam e desciam.

3 – na última frase:

·         O relativo  onde mantém o elo coesivo com a região dentro de si onde (na qual) guardava sua força.

·         E os pronomes si (dentro de si) e sua (sua força) reportam-se ao sujeito ele de quando ele as abria.

Agora é preciso ver como se realiza a coesão de frase para frase:

1 – o ele da segunda frase retoma o nome Ulysses, enunciado logo no início da primeira:

2 – as pálpebras da terceira frase retoma as longas pálpebras da frase anterior.

3 – na última frase, o sujeito ele (quando ele as abria) refere-se mais uma vez a Ulysses e o pronome as retoma pálpebras da frase anterior.

            Em nenhum momento, o autor da reportagem se desvia do assunto (Ulysses Guimarães) porque se mantém atento à coesão.

 

 

1-  Os principais conectivos

·         Conjunções, locuções conjuntivas, preposições e locuções prepositivas:

 

1-    Adição – e, nem, também, não só... mas também.
2-    Alternância – ou ... ou, quer ... quer, seja ... seja.
3-    Causa – porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por.
4-    Conclusão – logo, portanto, pois.
5-    Condição – se, caso, desde que, , a não ser que, a menos que.
6-    Comparação – como, assim como.
7-    Conformidade – conforme, segundo.
8-    Consequência – tão... que, tanto... que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que.
9-    Explicação – pois, porque, porquanto.
10- Finalidade – para que, a fim de que, para.
11- Oposição – mas, porém, todavia; embora, mesmo que; apesar de
12- Proporção – à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
13- Tempo – quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto.

 

·         Pronomes relativos: que – quem – cujo – onde:

 

Ao empregar um pronome relativo, devemos ter o seguinte cuidado:

1-    Observar a palavra a que ele se refere para evitar erros de concordância verbal.

Encontramos um bom número de pessoas que estavam reivindicando os mesmos direitos dos vinte funcionários vitoriosos. 

Que = as quais (pessoas)

2-    Observar o fragmento de frase de que ele faz parte. Pode ser que haja um verbo ou um substantivo que exija uma preposição. Nesse caso, ela deve preceder o relativo.

 

Ninguém conseguiu até hoje esquecer a cilada de que ele foi vítima.

 

de que = da qual (cilada) – a preposição de foi exigida pelo substantivo vítima (ele foi vítima de uma cilada)

 

O mesmo acontece com os verbos.

 

As dificuldades a que você se refere são normais dentro de sua carreira.

A que = às quais (dificuldades) – o verbo referir-se pede a preposição a; por isso, ela aparece  antes do que.

 

2-  As transições

Alguns dos conectivos que acabamos de estudar também aparecem com freqüência iniciando frases, como se fossem uma espécie de ponte entre um pensamento e outro. O conhecimento desses termos de transição ajuda a dar maior originalidade ao pensamento, o que faz o texto progredir mais facilmente. Mas é preciso uma advertência: não devemos usá-los a cada frase começada. Se fizermos assim, tornaremos o texto pesado. Também não devemos cair no oposto: ignorá-los completamente. Nosso texto correrá o risco de ficar cansativo, quando não incompreensível. Saber usar os termos de transição deve ser uma preocupação constante de quem deseja escrever bem. Eles são muito  úteis ao mudarmos de parágrafo porque estabelecem pontes seguras entre dois blocos de ideias.

Eis os mais importantes e suas respectivas funções:

 

1-  afetividade: felizmente, queira Deus, pudera, Oxalá, ainda bem (que).
2-  afirmação: com certeza, indubitavelmente, por certo, certamente, de fato.
3-  conclusão: em suma, em síntese, em resumo.
4-  consequências: assim, conseqüentemente, com efeito.
5-  continuidade: além de, ainda por cima, bem como, também.
6-  dúvida: talvez, provavelmente, quiçá.
7-  ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só.
8-  exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão.
9-  explicação: a saber, isto é, por exemplo.
10-  inclusão: inclusive, também, mesmo, até.
11-  oposição: pelo contrário, ao contrário de.
12-  prioridade: em primeiro lugar, primeiramente, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente.
13-  restrição: apenas, só, somente, unicamente.
14-  retificação: aliás, isto é, ou seja.
15-  tempo: antes, depois, então, já, posteriormente.

 

SAVIOLE, Francisco Platão. FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. Ed. Ática. São Paulo. 2002.

VIANA, Antonio Carlos.VALENÇA, Ana. Roteiro de Redação: Lendo e argumentando. Ed. Scipione. São Paulo. 1998.

 

 

OUTROS RECURSOS DE COESÃO

 

Para escrever de forma coesa, há uma série de recursos, como:

1.  Epítetos

Epíteto é a palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa.

Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo.

Glauber Rocha foi substituído pelo qualificativo o cineasta mais famoso do cinema brasileiro.

 

2.  Nominalizações

Ocorre a nominalização quando se emprega um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente.

Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho não era válido por serem parentes do assassino.

Pode também ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já enunciado.

Ele não suportou a desfeita diante de seu próprio filho. Desfeitear um homem de bem não era coisa para se deixar passar em branco.

3.  Palavras ou expressões sinônimas ou quase-sinônimas

Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que serviram até de porta de galinheiro.

 

4.  Repetição de uma palavra

Podemos repetir uma palavra (com ou sem determinante) quando não for possível substituí-la por outra.

A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto ou idéia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.

ARANHA, Maria Lúcia Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo, Moderna, 1993. p. 50.

 

5.  Um termo-síntese

O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.

A palavra limitações sintetiza o que foi dito antes.

 

6.  Pronomes

·         Vitaminas fazem bem a saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.

·         O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a educação integral.

·         Aquele político deve ter um discurso muito convincente. Ele já foi eleito seis vezes.

·         Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda rancor de todos, enquanto aquele tende a perdoar.

 

7.  Numerais

·         Não se pode dizer que toda a turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece estar dominando o assunto.

·         Recebemos dois telegramas. O primeiro confirmava a sua chegada; o segundo dizia justamente o contrário.

 

8.  Advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí)

Não podíamos deixar de ir ao Louvre. está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a “Mona Lisa”.

9.  Elipse

O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão ás oito e (ele) fez então seu discurso emocionado.

 

10.       Repetição do nome próprio (ou parte dele)

·         Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da loto. Peixoto disse que ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.

·         Lygia Fagundes Telles é uma das principais escritoras brasileiras da atualidade. Lygia é autora de “Antes do baile verde”, um dos melhores livros de contos de nossa literatura.

 

11.       Metonímia

É o processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contigüidade semântica.

·         O governo tem-se preocupado com os índices de inflação. O Planalto diz que não aceita qualquer remarcação de preço.

·         Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.

 

12.       Associação

Na associação, uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado contexto, vínculos precisos de significação.

São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito, provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros.

A palavra alagamentos surgiu por estar associada a enchentes. Mas poderia ter sido usada uma outra como transtornos, acidentes, transbordamento do Tietê etc.

 

FAZENDO AS CONEXÕES

 

Leia o texto que segue:

 

É consolador para os telespectadores, as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora. É alentador para quem trabalha em Redação conviver com gente atraente, em meio ao circo de horrores, consome o dia-a-dia. Quem está sob um rosto bonito ou um corpo desejável enfrenta preconceitos e constrangimentos em dose equivalente aos galanteios e gentilezas, supõe-se – são privativos da formosura.

            À parte algumas funções na televisão, a beleza não é a condição necessária e obrigatória para o exercício do jornalismo. A inteligência, o domínio de informações e a capacidade de escrever bem são os atributos essenciais. Uma pretendente a um emprego oferecer também beleza, além disso tudo, suas chances são maiores. É só lembrar, mesmo com a invasão feminina no jornalismo, nas últimas décadas, e a redução progressiva da mentalidade machista na profissão, a maioria das chefias ainda é composta por homens.

Nota-se facilmente que o texto não está bem escrito. Ele foi transcrito assim propositalmente. Vejamo-lo em sua forma correta (preste atenção aos termos de itálico e sublinhado):

É consolador para os telespectadores quando as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora. Da mesma forma, é alentador para quem trabalha em Redação conviver com gente atraente, em meio ao circo de horrores que consome o dia-a-dia.  Mas quem está sob um rosto bonito ou um corpo desejável enfrenta preconceitos e constrangimentos em dose equivalente aos galanteios e gentilezas que - supõe-se – são privativos da formosura.

            É claro que, à parte algumas funções na televisão, a beleza não é a condição necessária e obrigatória para o exercício do jornalismo. Agora, como sempre, a inteligência, o domínio de informações e a capacidade de escrever bem são os atributos essenciais. Mas é inegável que se uma pretendente a um emprego oferecer também beleza, além disso tudo, suas chances são maiores. É só lembrar que, mesmo com a invasão feminina no jornalismo, nas últimas décadas, e a redução progressiva da mentalidade machista na profissão, a maioria das chefias ainda é composta por homens.

Imprensa, n. 40, dez. 1990. p. 30.

            Os elementos novos inseridos no segundo texto são os conectores ou conectivos. Eles são também responsáveis pela coesão de nosso pensamento e tornam a leitura mais fácil e fluente. Por isso temos de saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado a outro, se a clareza assim o exigir. Sem esses conectores – preposições, advérbios, conjunções, termos denotativos, pronomes relativos – o pensamento não flui, muitas vezes não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem nenhuma coerência.

            Compare a primeira frase dos dois textos e veja a diferença:

1 – É consolador para os telespectadores, as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora.

2 - É consolador para os telespectadores quando as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora.

A primeira frase é incompreensível porque seu segundo segmento - as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora – é apenas acrescentado ao primeiro, sem nenhuma conexão. Muitas vezes a obscuridade de um texto nasce do mau uso dos conectivos ou da falta de seu uso. O acréscimo de quando foi o suficiente para esclarecer o sentido da frase e dar-lhe coesão. Esse processo coesivo é fundamental para a redação de um bom texto. A frase bem estruturada é o ponto de partida para quem pretende escrever bem. É preciso cuidar, portanto, de sua forma.

Para quem tem o hábito da leitura, não é difícil saber se uma frase está bem ou mal construída. Ler jornais, revistas, obras literárias ajuda muito a escrever. Dessa maneira, aprende-se a estrutura frasal de forma quase imperceptível. Se você não tem esse hábito, é bom passar a tê-lo. De qualquer forma, tentaremos dar uma pista para você analisar sua própria frase e superar as dificuldades de construção que porventura houver. No entanto, voltamos a insistir: ler muito ainda é o melhor remédio.

Antes de tudo, precisamos saber quantos segmentos divide-se a frase. Cada segmento deve estar bem conectado com o outro. Para sabermos quais segmentos principais de uma frase, basta observar os verbos nela existentes e seus respectivos sujeitos. A frase expande-se a partir desses dois componentes. Cada par sujeito/verbo constitui o núcleo de segmento de frase. O período nasce da expansão dos segmentos articulados entre si. A coesão e a coerência de um período dependem da boa conexão entre eles.

Começamos por isolar do resto a frase que nos parece incorreta:

Nela aparecem dois verbos: é e são trazidas. Ela tem, portanto, dois segmentos:

É consolador para os telespectadores, as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora.

  • 1º segmento: É consolador para os telespectadores.
  • 2º segmento: Quando as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora.

É preciso estabelecer um elo entre eles e quem o faz é a conjunção quando. O segundo segmento indica uma relação de temporalidade em relação ao primeiro:

É consolador para os telespectadores, quando as más notícias são trazidas por uma bela repórter, ou uma linda apresentadora.

            Essa precisão ou uso dos conectivos é muito importante para transmitir nossas ideias. Devemos sempre escrever frases com sentido completo, em que seus diversos segmentos estejam bem ajustados.

            O pensamento fragmentado é um dos erros mais graves de redação. Uma frase segmentada não perfaz um sentido completo, pois está semanticamente incompleta. Para evitá-la, temos de saber quais os principais conectivos, sobretudo as conjunções e os pronomes relativos.

            Na primeira versão do texto que nos está servindo de guia, encontramos uma frase em que a ausência do pronome relativo gera obscuridade de sentido:

Quem esta sob um rosto bonito ou um corpo desejável enfrenta preconceitos e constrangimentos em dose equivalente aos galanteios e gentilezas, - supõe-se – são privativos da formosura.

Para entender melhor a estruturação, vamos abandonar a oração intercalada supõe-se, visto que ela não tem nenhuma influencia sobre as outras do ponto de vista sintático. A frase em três segmentos:

  • 1º segmento: Quem esta sob um rosto bonito ou um corpo desejável.
  • 2º segmento: enfrenta preconceitos e constrangimentos em dose equivalente aos galanteios e gentilezas.
  • 3º segmento: são privativos da formosura.

Entre o primeiro e o segundo segmento não há problema de conexão, mas entre o segundo e o terceiro sim. O conectivo que fará ponte entre eles é o pronome relativo que.

Quem esta sob um rosto bonito ou um corpo desejável enfrenta preconceitos e constrangimentos em dose equivalente aos galanteios e gentilezas que são privativos da formosura.

Os dois segmentos da frase estão agora bem articulados entre si, permitindo-nos compreender a mensagem de seu redator. A partícula que ele usa para articular uma frase a outra dá coesão ao seu pensamento.

 


EXERCÍCIOS


 

1. Identifique nos textos a seguir todos os termos que retomam as palavras em itálico:

A - Em outubro de 1839 Paris ainda possuía a mesma mística embriagadora que Chopin experimentara ao chegar lá em setembro de 1831. A ausência de 11 meses só servira para aumentar seu apaixonado fascínio pela magnífica metrópole espraiada ao longo das sinuosas margens do Sena. Paris havia-se tornado a amante de Chopin muito antes de ele conhecer Mme. Sand e durante vários anos subseqüentes suas afeições ficariam divididas entre as duas. Ambas o adoravam, do mesmo modo que eram, por sua vez, cultuadas por ele, e ambas eram essenciais à sua existência. Com a saúde debilitada, o jovem músico não podia sobreviver ao estimulo de uma sem o amparo da outra.

ATWOOD, William G. A Leoa e seu filhote. Tra. Bárbara  Heliodora, Rio de Janeiro, Zahar, 1982. p. 139.

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B - Um antigo morador de São Cristóvão contava que, na mocidade, viajara diariamente, na barca que fazia o trajeto entre aquela praia e o Cais Pharoux, ou dos Franceses, como então se dizia, com um adolescente aparentemente 13 ou 14 anos, magrinho, modesta mas limpamente vestido.

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A barca vinha cedo para a cidade, e voltava à tarde, conduzindo sempre os mesmos passageiros, gente que tinha empregos no centro. Como era natural, a camaradagem se estabeleceu entre esses companheiros diários, todos conversavam para matar o tempo. Só o mocinho magro, sempre com um livro na mão, nunca dirigiu a palavra a ninguém. Mal se sentava, logo afundava na leitura, e  assim ia e voltava, parecendo ignorar os que  o cercavam, sem levantar os olhos do livro, indiferente aos espetáculos da viagem, à beleza da baía, às embarcações que encontravam. Era Machado de Assis.

Afinal, a única informação segura, clara, que nos chega sobre o principio da adolescência de Joaquim Maria é essa imagem. Com certeza, só sabemos que ia todas as manhãs, bem cedo, do seu bairro para o centro urbano.

PEREIRA, Lucia Miguel. Machado de Assis. Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/Edusp, 1988. pp. 45-6

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C - As imagens ficarão gravadas como um raio na memória dos brasileiros. Na sétima volta do Grande Premio de San Marino, n autódromo de Ímola, na Itália, Ayrton Senna passa direto pela curva Taburello, a 300 quilômetros por hora, e espatifa-se no muro de concreto. À  1h40 da tarde, hora do Brasil, um boletim médico do hospital Maggiore de Bolonha, para onde o piloto foi levado de helicóptero, anunciou a morte cerebral de Ayrton Senna. Não havia mais nada a fazer. Ayrton Senna da Silva, 34 anos, tricampeão de Fórmula 1, 41 vitórias de Grandes Prêmios, 65 pole-positions, um dos maiores fenômenos de todos os tempos no automobilismo, estava morto.

Ninguém simboliza melhor a comoção que tomou conta do mundo que a imagem de Alain Prost, chorando num dos boxes  de Ímola. Não era o choro de um torcedor, mas de um rival, o maior de todos em dez anos de brigas dentro e fora das pistas, um alterego de Ayrton Senna na Fórmula 1. Na manhã de domingo, minutos antes de entrar pela última vez  no cockpit de sua Williams, Senna encontrou-se com o ex-adversário, deu-lhe um tapinha nas costas e comentou: “Prost, você faz falta”. Horas mais tarde, cercado pelos jornalistas, o francês não conseguiu retribuir a gentileza. “Estou consternado demais para falar”, limitou-se a dizer, com lágrimas nos olhos.

Veja, Edição extra, 3 de maio 1994, p. 7.

 

2.  Os textos abaixo necessitam de conectores para sua coesão. Reescreva no caderno os textos abaixo, empregando as partículas que estão entre parênteses no lugar adequado.

a) Uma alimentação variada é fundamental seu organismo funcione de maneira adequada. Isso significa que é obrigatório comer alimentos ricos em proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses alimentos são essenciais. Você esteja fazendo dieta para emagrecer, não elimine carboidratos, proteínas e gorduras de seu cardápio. Apenas reduza as quantidades. Você emagrece sem perder saúde. - Saúde, n. 5, maio 1993. p.63.
(assim, mesmo que, para que)

b) Toda mulher responsável pelos cuidados de uma casa já teve em algum momento de sal vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo às favas, fechar a porta de casa e sair. Já sentiu o peso desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz vai sendo feito. Não é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém nota, a mulher “não faz nada mais que sua obrigação”. – SORRENTINO, Sara. Presença da mulher.n. 16, abr./jun. 1990. p.13.
(quando, pois, à medida que)

c) O Brasil pretende sediar as Olimpíadas do ano 2004. A idéia é interessante. O que não podemos esquecer antes de mais nada temos que conquistar muitas medalhas nas olimpíadas da nossa existência como uma nação digna. Alguns dos nossos velhos e temíveis adversários a serem derrotados são a fome, a miséria, a violência, o analfabetismo e a ignorância. O nosso principal desafio será ganhar a medalha de ouro da moralidade, “o povo sem moral vai mal”. – Jornal da Tarde, 17 ago. 1992.
(pois, até que, afinal, é que)

d) Lembro-me, com muita saudade, do prazer que me dava receber de meu pai o exemplar da revista O cruzeiro ele trazia para casa, a cada semana, um dia antes da distribuição nas bancas. Anos 50, início dos anos 60. A televisão engatinhava. Pode-se dizer que O Cruzeiro era o Fantástico da época, lido em todos os cantos do país – tiragem de 800 mil exemplares semanais! E eu tinha acesso àquela preciosidade, antes! Era com grande ansiedade, se não me engano, às segundas-feiras à noite, aguardava a chegada da revista. Uma decepção, por qualquer motivo, ela não vinha. Comecei, embora só muito mais tarde viesse a me aperceber disto, a compreender a necessidade do respeito um veículo de comunicação precisa ter para com seu público.  ATHAYDE, Antônio. Imprensa, n. 43, mar. 1991. p. 20
(que, que, então, que, se)

 

3. Utilizando os recursos de coesão, substitua os elementos repetidos quando necessário. Faça no caderno.

A - O Brasil vive uma guerra civil diária e sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole pacifica e hospitaleira de seu povo, a sociedade organizada ou não para esse fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades do Brasil.

Texto modificado de Isto é Senhor, 28 de ago. 1991.

 

B - Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das vezes anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento foi realizado na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabe se será o último casamento de Elizabeth Taylor.

 

4. Para cada frase abaixo, redija uma segunda, utilizando o recurso de coesão sugerido entre parênteses.

 

A - Um dos graves problemas das metrópoles são os meios de locomoção. (palavra sinônima ou quase-sinônima)

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B- Ayrton Senna foi um dos maiores esportistas brasileiros. (epíteto)

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C- Não se pode comparar São Paulo com o Rio de Janeiro. (uso de pronomes)

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D- Muitas pessoas estão preferindo ir morar em pequenas cidades do interior. (advérbio pronominal)

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E- O crescimento desordenado degrada qualquer cidade. (nominalização)

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TÉCNICAS DE RESUMO

 

RESUMO

Resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:

a)    Cada uma das partes essenciais do texto

b)     A progressão em que elas se sucedem

c)    A correlação que o texto estabelece entre cada uma das partes

O resumo é, pois, uma redução do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto.

Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso, não cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que esta sendo condensado.

Muitas pessoas julgam que resumir e reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de “colagem”. Essa “colagem” de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido.

Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura.

É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores:

a) da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estruturação sintático-semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado, etc).

b) da competência do leitor ( seu grau de amadurecimento intelectual, o repertório de informações que possui, a familiaridade com os temas explorados).

            O uso de um procedimento apropriado pode diminuir as dificuldades de elaboração do resumo. Aconselhamos as seguintes passadas:

  1. Ler uma vez o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não é um aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto, e mais difícil entender o significado preciso de cada uma das partes.

Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto?

  1. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis ( se preciso, recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação, sobretudo de compreender bem o sentido das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela, etc).
  2. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que tenham alguma unidade de significação.

Ao assumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre com uma segmentação mais ajustada que a dos parágrafos, mas como no inicio de trabalho, o paragrafo pode ser um bom indicador.

Quando se trata de um texto maior (o capitulo de um livro, por exemplo) é conveniente adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as aposições entre os personagens, as oposições de espaço e de tempo).

            Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias centrais de cada fragmento.

  1. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles.

TEXTO 1

Posição de pobre

Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se – suor anônimo, fundamento da sociedade – os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O estado nutre-se de sua anemia; a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco o luxo e a esmola: os ricos e os mendigos sãos os parasitas do pobre.

Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como socorrer os que insistem em não morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados, circulam esses esfomeados honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrajos, saqueados por aqueles que, tendo horror ao trabalho, instalam-se, segundo sua sorte ou vocação, no salão ou na rua. E assim avança a humanidade: com alguns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres.

CIORAN, E. M. Breviário de decomposição. Trad. José Thomaz Brum. Rio de Janeiro, Rocco, 1989, pp 113-114

TEXTO 2

Ética e jornalismo

O jornalismo não pode ser despido de opinião publica. A posição que considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A própria objetividade é mal administrada, porque se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria formulação política no texto jornalístico. Deve-se, sim, ter opinião, saber onde ela começa e onde acaba, saber onde ela interfere nas coisas ou não. É preciso ter consciência. O que se procura, hoje, é exatamente tirar a consciência do jornalismo. O jornalista não deve ser ingênuo, deve ser cético. Ele não pode ser impiedoso com as coisas sem um critério ético. Nós não temos licença especial, dada por um xerife sobrenatural, para fazer o que quisermos.

            O jornalismo é um meio de ganhar a vida, um trabalho como outro qualquer; é uma maneira de viver, não é nenhuma cruzada. E por isso você faz um acordo consigo mesmo: o jornal não é seu, é do dono. Está subentendido que se vai trabalhar com a norma determinada pelo dono do jornal, de acordo com as ideias do dono do jornal. É como um médico que atende um paciente. Esse médico pode ser fascista e o paciente comunista, mas ele deve atender do mesmo jeito. E vice-versa. Assim, o totalitário fascista não pode propor no jornal o fim da democracia, nem entrevistar  alguém e pedir: “O senhor não quer me dizer uma palavrinha contra a democracia?”; da mesma forma que o revolucionário de esquerda não pode propor o fim da propriedade privada dos meios de produção. Para trabalhar em jornal é preciso fazer um armistício consigo próprio.

ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo: o jornalista e a ética do marceneiro. São Paulo, Companhia das letras, 1993, pp 109-11

Resumo do texto 1: Posição de pobre

A sociedade está dividida em três classes: o rico, o mendigo e o pobre. O rico vive no luxo, na opulência e se satisfaz com essa posição muito cômoda. Os mendigos vivem na miséria e o pobre, explorado tanto um quanto por outro, é quem, som seu suor anônimo, sustenta o estado.

Resumo do texto 2: Ética e jornalismo

            Todo jornalista deve ter opinião política. Ele deve ser consciente do seu trabalho, ter uma ética para saber até onde ir sem se chocar com as diretrizes do jornal para o qual trabalha.

 

TEXTO COMENTADO

 

Depois de ler o texto do começo ao fim, vemos que ele trata do modo distinto como cada sistema social organiza o espaço.

Depois percebemos o movimento do texto: afirmação de que existem diferentes maneiras de ordenação espacial e, em seguida, ilustração dessa idéia, comparando a maneira de ordenar e denominar o espaço nas cidades brasileiras e a de fazer a mesma operação nas cidades norte-americanas.

O texto divide-se em duas grandes partes: proposição e ilustração. A segunda parte divide-se segundo o critério de oposição espacial: Brasil x Estados unidos (Tóquio não é levada em conta, porque a observação a respeito dos endereços no Japão serve apenas para introduzir o problema da indicação dos endereços no Brasil). Para facilitar, podemos segmentar o texto em três partes:

1)  “Nós, antropólogos sociais” até “problemas sérios de orientação”;

2)  “E foi curioso e intrigante” até “unidade de continente e de conteúdo”;

3)  “Ora, tudo isso contrasta” até o fim.

 

As partes resumem-se da seguinte maneira:

1)    existência de uma ordenação espacial peculiar a cada sistema social;

2)    Brasil – ordenação e denominação do espaço a partir de critérios pessoais, sociais;

3)    Estados Unidos – ordenação e denominação do espaço a partir de critérios impessoais.

 

A redação final do resumo pode ser:

Cada sistema social concebe a ordenação do espaço de uma maneira típica. No Brasil, o espaço não é concebido como um elemento independente dos valores sociais, mas está embebido neles. Expressões como “em cima” e “embaixo”, por exemplo, não exprimem propriamente a noção de altitudes mas indicam regiões sociais. As avenidas e ruas recebem nomes indicativos de episódios históricos, de acidentes geográficos ou de alguma característica social ou política. Nas cidades norte-americanas, a orientação espacial é feita pelos pontos cardeais e as ruas e avenidas recebem um número e não um nome. Concebe-se, então, o espaço como um elemento dotado de impessoalidade, sem qualquer relação com os valores sociais.

 

FIORIN, José Luiz.PLATÃO, Francisco Savioli. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática. 2002.

 

RESENHA

Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvam.

            O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ( um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um filme).

            A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem o objeto descrito. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção previamente definida.

            Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna esportiva de um jornal: outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encanou a plateia presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente desprezíveis.

            Com efeito, a importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.

            Numa resenha de livros para o grande publico leitor de jornal, não tem o menor sentido escrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.

            A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo critico de quem a elaborou.

 A resenha descritiva consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:

  • nome do autor (ou dos autores)
  • título completo e exato da obra (ou do artigo)
  • nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte da obra
  • lugar e data de publicação
  • número de volumes e página

Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em capítulos, índices e etc). Num caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor (se tratar de tradução).

a)    Uma parte com o resumo do conteúdo da obra:

  • Indicação sucinta do assunto global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista adota pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom e etc)
  • Resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos de resenhador sobre as ideias do autor, o valor da obra, e etc, conforme se verifica nas especificações a seguir:

 

ELEMENTOS DA RESENHA CRÍTICA

 

DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS DE UMA RESENHA CRÍTICA

 

Nome:_________________________________________________________________

Curso: ________________ Data: ___/___/_______ Disciplina: ­___________________

 

1  REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA  (SEGUIR AS NORMAS DA ABNT)

Fazer a referência bibliográfica completa da obra resenhada de acordo com o manual da faculdade; é recomendável, no caso de resenhas, colocar aqui somente a referência da obra que foi analisada.

 

2 APRESENTAÇÃO DO/A AUTOR/A DA OBRA

Apresenta-se um autor falando dos principais fatos relacionados à sua vida: local e ocasião de nascimento, formação acadêmica, pessoas que exerceram influência teórica sobre sua obra, fatos que teriam marcado sua vida e, conseqüentemente, sua forma de pensar.

 

3 PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA

Toda obra escrita pertence a uma determinada perspectiva teórica; é muito importante saber a que tradição/escola teórica pertence o/a autor/a da obra que se está analisando, pois isso permite compreender a forma como está organizada, bem como a lógica da argumentação utilizada; quando se reconhece a perspectiva teórica do/a autor/a, sabe-se o que se pode esperar da obra que será analisada.

 

4 BREVE SÍNTESE DA OBRA

Antes de começar a análise de uma obra, é muito importante procurar ter uma visão panorâmica desta; isto pode ajudar a visualizar o começo, o meio e o fim da obra, permitindo saber de onde parte e para aonde vai o/ autor/a na sua argumentação; esta parte da resenha (somente esta!) pode ser feita na forma de um esquema.

 

5 PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

Depois de tudo preparado se pode analisar o conteúdo da obra de forma propriamente dita; o objetivo é traçar as principais teses do/a autor/a e não resumir a sua obra (resenha não é resumo!); é preciso ler com muita atenção para se apreender o que é fundamental no pensamento do/a autor/a.

6 Reflexão crítica sobre obra e implicações

Depois de apresentar e compreender o/a autor/a e sua obra, deve-se traçar alguns comentários pessoais sobre o assunto, ancorados em argumentos fundamentados academicamente.

 

7 EXEMPLO DE RESENHA CRÍTICA

            Veja a seguir um exemplo completo de resenha crítica:

RESENHA CRÍTICA

ALVES-MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo, Pioneira, 1999. 203 p.

1  CREDENCIAIS DOS AUTORES

Alda Judith Alves Mazzotti é bacharel licenciada em Pedagogia, bacharel em Psicologia, Psicóloga, mestre em Educação, doutora em Psicologia da Educação, professora titular de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e leciona a disciplina de Metodologia da Pesquisa em cursos de graduação e pós-graduação desde 1975. Outras obras:
           ALVES-MAZZOTTI, Alda J., (1994). Do trabalho à rua: uma análise das representações sociais produzidas por meninos trabalhadores e meninos de rua. In Tecendo Saberes. Rio de Janeiro: Diadorim-UFRJ / CFCH.
            _________ . (1996). Social representations of street children, resumo publicado nos Anais da Terceira Conferência Internacional sobre Representações Sociais, realizada em Aix-em- Provence.
           Fernando Gewandsznajder é licenciado em Biologia, mestre em Educação, mestre em Filosofia e doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Outras obras:
           GEWANDSZNAJDER, Fernando. O que é o método científico. São Paulo: Pioneira,1989.
           _________. A aprendizagem por mudança conceitual: uma crítica ao modelo PSHG. Doutoramento em Educação. Faculdade de Educação da UFRJ, 1995.

 

2  RESUMO DA OBRA

O livro é constituído de duas partes, cada uma delas sob a responsabilidade de um autor, traduzindo sua experiência e fundamentação sobre o método científico, em abordagens que se complementam.
Na primeira parte, GEWANDSZNAJDER discute, em quatro capítulos, o método nas ciências naturais, apresentando conceitos básicos como o da lei, teoria e teste controlado.
          No capitulo inicial há uma visão geral do método nas ciências naturais e um alerta sobre a não concordância completa entre filósofos da ciência sobre as características do método científico. Muitos concordam que há um método para testar criticamente e selecionar as melhores hipóteses e teorias. Neste sentido diz-se que há um método cientifico, em que a observação, a coleta dos dados e as experiências são feitas conforme interesses, expectativas ou idéias preconcebidas, e não com neutralidade. São formuladas teorias que devem ser encaradas como explicações parciais, hipotéticas e provisórias da realidade.
          O segundo capítulo
trata dos pressupostos filosóficos do método científico, destacando as características do positivismo lógico, segundo o qual o conhecimento factual ou empírico deve ser obtido a partir da observação, pelo método indutivo, bem como as críticas aos positivistas, cujo objetivo central era justificar ou legitimar o conhecimento científico, estabelecendo seus fundamentos lógicos e empíricos.
          A partir das críticas à indução, o filósofo Karl Popper (1902- 1994) construiu o racionalismo crítico, sua visão do método cientifico e do conhecimento em geral, dizendo que ambos progridem através de conjecturas e refutações, sendo que a tentativa de refutação conta com o apoio da lógica dedutiva, que passa a ser um instrumento de crítica.
          Apoiados em sua visão da história da ciência, Thomas Kuhn ( 1922- 1996) , Lakatos e Feyerabend, entre outros, criticam tanto Popper quanto os indutivistas, alegando que sempre é possível fazer alterações nas hipóteses e teorias auxiliares quando uma previsão não se realiza.
Kuhn destaca o conceito de paradigma como uma espécie de “teoria ampliada”, formada por leis, conceitos modelos, analogias, valores, regras para a avaliação de teorias e formulação de problemas, princípios metafísicos e “exemplares”. Tais paradigmas orientam a pesquisa cientifica; sua força seria tanta que determinaria até mesmo como um fenômeno é percebido pelos cientistas, o que explica por que as revoluções cientificas são raras: em vez de abandonar teorias refutadas, os cientistas se ocupam com a pesquisa cientifica orientada por um paradigma e baseada em um consenso entre especialistas.
          Nos períodos chamados de “Revoluções Cientificas”, ocorre uma mudança de paradigma; novos fenômenos são descobertos, conhecimentos antigos são abandonados e há uma mudança radical na prática cientifica e na “visão de mundo” do cientista.
          A partir do final dos anos sessenta, a Escola de Edimburgo, defende que a avaliação das teorias cientificas e seu próprio conteúdo são determinados por fatores sociais. Assume as principais teses da nova Filosofia da Ciência e conclui que o resultado da pesquisa seria menos uma descrição da natureza do que uma construção social.
          O terceiro capítulo busca estimular uma reflexão crítica sobre a natureza dos procedimentos utilizados na pesquisa cientifica. Destaca que a percepção de um problema deflagra o raciocínio e a pesquisa, levando-nos a formular hipóteses e a realizar observações.
          Importantes descobertas não foram totalmente casuais, nem os cientistas realizavam observações passivas, mas mobilizavam-se à procura de algo, criando hipóteses ousadas e pertinentes, o que aproxima a atividade cientifica de uma obra de arte.
           Visando apreender o real, selecionamos aspectos da realidade e construímos um modelo do objeto a ser estudado. Mas isto não basta: há que se enunciar leis que descrevam seu comportamento. O conjunto formado pela reunião do modelo com as leis e as hipóteses constitui a teoria cientifica.
A partir do modelo, que representa uma imagem simplificada dos fatos, pode-se corrigir uma lei, enunciando outra mais geral, como ocorreu com Lavoisier, que estabeleceu os alicerces da química moderna.
No quarto capitulo, GEWANDSZNAJDER conclui a primeira parte da obra, comparando a ciência a outras formas de conhecimento, mostrando que tal distinção nem sempre é nítida e, que aquilo que atualmente não pertence à ciência, poderá pertencer no futuro.
          Apresenta críticas a áreas cujos conhecimentos não são aceitos por toda a comunidade cientifica, como: paranormalidade, ufologia, criacionismo, homeopatia, astrologia.
          Na maioria das vezes, o senso comum, formado pelo conjunto de crenças e opiniões, limita-se a tentar resolver problemas de ordem prática.
Assim, enquanto determinado conhecimento funcionar bem, dentro das finalidades para as quais foi criado, continuará sendo usado. Já o conhecimento cientifico procura sistematicamente criticar uma hipótese, mesmo que ela resolva satisfatoriamente os problemas para os quais foi concebida. Em ciência procura-se aplicar uma hipótese para resolver novos problemas, ampliando seu campo de ação para além dos limites de objetivos práticos e problemas cotidianos.
Na segunda parte do livro, Alves-Mazzotti discute a questão do método nas ciências sociais, com ênfase nas metodologias qualitativas, analisando seus fundamentos. Coloca que não há um modelo único para se construir conhecimentos confiáveis, e sim modelos adequados ou inadequados ao que se pretende investigar e que as ciências sociais vêm desenvolvendo modelos próprios de investigação, além de propor critérios para orientar o desenvolvimento da pesquisa, avaliar o rigor dos procedimentos e a confiabilidade das conclusões que não prescindem de evidências e argumentação sólida.
O capítulo cinco analisa as raízes da crise dos paradigmas, situando historicamente a discussão sobre a cientificidade das ciências sociais. Enfatiza fatos que contribuíram para estremecer a crença na ciência, como os questionamentos de Kuhn, nos anos sessenta, sobre a objetividade e a racionalidade da ciência e a retomada das críticas da Escola de Frankfurt, referentes aos aspectos ideológicos da atitude cientifica dominante.
Mostra que os argumentos de Kuhn, relativos à impossibilidade de avaliação objetiva de teorias cientificas, provocaram reações opostas, a saber: tomados às ultimas conseqüências, levaram ao relativismo, representado pelo “vale tudo” de Feyerabend e pelo construtivismo social da Sociologia do Conhecimento. De outro lado, tais argumentos foram criticados à exaustão, visando indicar seus exageros e afirmando a possibilidade de uma ciência que procure a objetividade, sem confundi-la com certeza.
         
E ainda, diversos cientistas sociais, mobilizados pelas críticas à ciência tradicional feitas pela Escola de Frankfurt, partindo de outra perspectiva, procuravam caminhos para a efetivação de uma ciência mais compromissada com a transformação social.
         
Em tal contexto, adquirem destaque nas ciências sociais, os modelos alternativos ao positivismo, como a teoria crítica, expondo o conflito entre o positivismo e a visão dialética. Esgotado o paradigma positivista, adquire destaque, na década de setenta, o paradigma qualitativo, abrindo espaço para a invenção e o estudo de problemas que não caberiam nos rígidos limites do paradigma anterior.
A discussão contemporânea propõe compromisso com princípios básicos do método cientifico, como clareza, consenso, linguagem formalizada, capacidade de previsão, conjunto de conhecimentos que sirvam de guia para a ação(modelos).
          A análise das posições indica flexibilização dos critérios de cientificidade, preocupação com clareza do discurso cientifico permitindo crítica fundamentada, explicação e não apenas descrição dos fenômenos.
O capítulo seis apresenta aspectos relativos ao debate sobre o paradigma qualitativo na década de oitenta.
Inicialmente, caracteriza a abordagem qualitativa por oposição ao positivismo, visto muitas vezes de maneira ingênua.
Wolcott denuncia a confusão na área, Lincoln e Guba denominam o novo paradigma de construtivista e Patton capta o que há de mais geral entre as modalidades incluídas nessa abordagem, indicando que seguem a tradição compreensiva ou interpretativa.
Na Conferência dos Paradigmas Alternativos, em 1989, são apresentados como sucessores do positivismo:
*      Construtivismo Social, influenciado pelo relativismo e pela fenomenologia, enfatizando a intencionalidade dos atos humanos e privilegiando as percepções. Considera que a adoção de teorias a priori  na pesquisa turva a visão do observado.
*      Pós – positivismo - Defende a adoção  do método científico nas ciências sociais, preferindo   modelos experimentais com teste  de hipóteses, tendo como objetivo último a formulação   de teorias explicativas de relações causais..
*      Teoria Crítica, onde o termo assume, pelo menos, dois sentidos distintos: (1)Análise rigorosa da argumentação e do método; (2)Ênfase na análise das condições   de  regulação social, desigualdade e poder.
Os teóricos – críticos enfatizam o papel da ciência na transformação da sociedade, embora a forma de envolvimento do cientista nesse processo de transformação seja objeto de debate. Ao contrário dos construtivistas e  dos pós-positivistas, questionam a dicotomia objetivo/subjetivo, implicando oposições, declarando que  esta  é uma simplificação   que, em vez de esclarecer confunde. Para eles subjetividade não é algo a ser expurgado da pesquisa, mas que precisa ser admitido e compreendido como parte da construção dos significados inerente às relações sociais que se estabelecem no campo pesquisado. Tem que ser entendida como sendo determinada por múltiplas relações  de poder e interesses de classe, raça gênero, idade e orientação sexual. Conceito que deve ser discutido em relação à consciência e às relações de poder que envolvem tanto o pesquisador   como os pesquisados.
          Como organizador da citada conferência, Guba retratou as ambigüidades, confusões e discordâncias existentes, visando estimular a continuação das discussões. A diferença entre as três posições reside na ênfase atribuída e, especialmente, nas conseqüências derivadas  dessas questões:o papel da teoria, dos valores e a subdeterminação da teoria.
          Na prática, observa-se com freqüência a coexistência de características atribuídas a diferentes paradigmas.
No capítulo sete estuda-se o planejamento de pesquisas qualitativas, discutem-se alternativas e sugestões, acompanhadas de exemplos que auxiliam o planejamento e desenvolvimento de pesquisas.
Ao contrário das quantitativas, as investigações qualitativas não admitem regras precisas, aplicáveis a uma infinidade de casos, por sua diversidade e flexibilidade. Diferem também quanto aos aspectos que podem ser definidos no projeto. Enquanto os pós-positivistas trabalham com projetos bem detalhados, os construtivistas sociais defendem um mínimo de estruturação prévia, definindo os aspectos referentes à pesquisa, no decorrer do processo de investigação.
Para a autora, um projeto de pesquisa consiste basicamente em um plano para uma investigação sistemática que busca uma compreensão mais elaborada de determinado problema.
          Seja qual for o paradigma em que está operando, o projeto deve indicar: o que se pretende investigar; como se planejou conduzir a investigação; porque o estudo é relevante.
          Encerrando a obra, o capítulo oito trata da revisão da bibliografia, destacando dois aspectos pertinentes à pesquisa: (1) análise de pesquisas anteriores sobre o mesmo tema e ou sobre temas correlatos; (2) discussão do referencial teórico.
Sendo a produção do conhecimento uma construção coletiva da comunidade científica, o pesquisador formulará um problema, situando-se e analisando criticamente o estado atual do conhecimento em sua área de interesse, comparando e criticando abordagens teórico-metodológicas e avaliando o peso e confiabilidade de resultados de pesquisas, identificando pontos de consensos, controvérsias, regiões de sombra e lacunas que merecem ser esclarecidas. Posicionar-se-á quanto ao referencial teórico a ser utilizado e seguirá o plano estabelecido.
 

3 CONCLUSÃO DA RESENHISTA

              De um modo geral, os autores apóiam-se em diversos estudiosos para emitir suas conclusões. Numa das poucas oportunidades em que declara suas próprias idéias, GEWANDSZNAJDER nos lembra que a decisão de adotar uma postura crítica, de procurar a verdade e valorizar a objetividade é uma decisão livre. Alerta-nos que determinadas escolhas geram conseqüências que poderão ser consideradas indesejáveis pelo sujeito ou pela comunidade. Supondo, num exemplo extremo, que se decida “afrouxar” os padrões da crítica a ponto de abandonar o uso de argumentos e a possibilidade de corrigir-se os próprios erros com a experiência, não mais distinguiríamos uma opinião racional, conseqüência de ponderações, críticas e discussões que consideram diferentes posições, de um simples preconceito, que se utiliza de conceitos falsos para julgar pessoas pelo grupo a que pertencem, levando a discriminações.
          Também aqui sua conclusão apóia-se em um autor: “Finalmente como diz Popper, se admitimos não ser possível chegar a um consenso através de argumentos, só resta o convencimento pela autoridade. Portanto, a falta de discussão crítica seria substituída por decisões autoritárias, soluções arbitrárias e dogmáticas – e até violentas – para se decidir uma disputa”  (pág 64).
Com este discurso, incentiva-nos a reagir à acomodação e falsa neutralidade, mostrando nossa responsabilidade em tudo que fazemos e criamos, pois a decisão final será sempre um ato de valor e pode ser esclarecida pelo pensamento, através da análise das conseqüências posições de determinada decisão.
Respaldando, ainda, suas opiniões em autores de peso, destaca que a história da ciência mostra que nas revoluções científicas não há mudanças radicais no significado de todos os conceitos, sendo utilizada uma linguagem capaz de ser compreendida por ambos os lados.
Enfatiza que a maioria dos problemas estudados pelos cientistas surge a partir de um conjunto de teorias científicas que funciona como um conhecimento de base. E é este conhecimento de base que procura nos fornecer, deixando claro que a formulação e resolução de problemas só podem ser feitas por quem tem um bom conhecimento das  teorias científicas de sua área. Completa dizendo que um bom cientista não se limita a resolver problemas, mas também formula questões originais e descobre problemas onde outros viam apenas fatos banais, pois “os ventos só ajudam aos navegadores que têm um objetivo definido”.(pág. 66).
Alves – Mazzotti, esclarece que os teórico-críticos enfatizam o papel da ciência na transformação da sociedade, apesar da forma de envolvimento do cientista nesse processo de transformação como objeto de debate. Complementa com a posição de diferentes autores sobre cientistas sociais, parceiros na formação de agendas sociais através de sua prática científica, sendo esse envolvimento e a militância política questões distintas. Enfatiza que a diferença básica entre a teoria crítica e as demais abordagens qualitativas está na motivação política dos pesquisadores e nas questões sobre desigualdade e dominação que, em conseqüência, permeiam seus trabalhos.
Coerente com essas preocupações, a abordagem crítica é essencialmente relacional: busca investigar o que ocorre nos grupos e instituições relacionando as ações humanas com a cultura e as estruturas sociais e políticas, procurando entender de que forma as redes de poder são produzidas, mediadas e transformadas. Parte do pressuposto de que nenhum processo social pode ser compreendido de forma isolada, como instância neutra, acima dos conflitos ideológicos da sociedade. Ao contrário, estão sempre profundamente ligados, vinculados, às desigualdades culturais, econômicas e políticas que dominam nossa sociedade.
Os autores concluem que coexistem atualmente diferentes linhas filosóficas acerca da natureza do método cientifico, o que também é válido em relação aos critérios para avaliação das teorias cientificas. Concordam, também, que a pesquisa nas ciências sociais se caracteriza por uma multiplicidade de abordagens, com pressupostos, metodologias e estilos diversos.
Finalmente, deixam claro que o uso do método científico não pode ser considerado de maneira independente dos conceitos ou das bases teóricas, implícita ou explicitamente, envolvidos na pesquisa.
 
4 CRÍTICA DA RESENHISTA
A obra fornece subsídios à nossa pesquisa científica, à medida que trata dos principais autores/protagonistas da discussão/construção do método cientifico na história mais recente, reportando-se a esclarecimentos mais distantes sempre que necessário.
          Com sólidos conhecimentos acerca do desenrolar histórico, os autores empenham-se em apresentar clara e detalhadamente as circunstâncias e características da pesquisa cientifica, levando-nos a compreender as idéias básicas das várias linhas filosóficas contemporâneas, bem como a descobrir uma nova maneira de ver o que já havia sido visto, estudado.
          É uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões emergem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos da ciência e suas aplicações e posturas quanto ao método científico.
Com estilo claro o objetivo, os autores dão esclarecimentos sobre o método cientifico nas ciências naturais e sociais, exemplificando, impulsionando reflexão crítica e discussão teórica sobre fundamentos filosóficos. Com isso auxiliam sobremaneira a elaboração do nosso plano de pesquisa.
Os exemplos citados amplamente nos auxiliam na compreensão da atividade científica e nos possibilitam analisar e confrontar várias posições, a fim de chegarmos à nossa própria fundamentação teórica, decidindo-nos por uma linha de pesquisa. Mostram-nos a imensa possibilidade de trabalhos que existe no campo da ciência, além de nos encaminhar para exposições mais detalhadas a respeito de determinados tópicos abordados, relacionando autores e bibliografia específicas.
Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, inclusive para aceitar e até solicitar crítica rigorosa, que em muito pode enriquecer nosso trabalho.
 
5 INDICAÇOES DA RESENHISTA
A obra tem por objetivo discutir alternativas e oferecer sugestões para estudantes universitários e pesquisadores, a fim de que possam realizar, planejar e desenvolver as próprias pesquisas, na graduação e pós-graduação, utilizando-se do rigor necessário à produção de conhecimentos confiáveis. É de grande auxilio, principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos acadêmicos no campo da ciência social.
Não se trata de um simples manual, com passos a serem seguidos, mas um livro que apresenta os fundamentos necessários à compreensão da natureza do método científico, nas ciências naturais e sociais, bem como diretrizes operacionais que contribuem para o desenvolvimento da atitude crítica necessária ao progresso do conhecimento.   
 
 
Obs.: A resenha crítica não precisa ser dividida conforme o exemplo, as divisões podem ser subentendidas. A forma adotada tem como objetivo facilitar o entendimento.

 

 
 
 

 

CONSTRUINDO UM PARÁGRAFO

 

A ARTICULAÇÃO DOS PARÁGRAFOS

Agora que você já domina as formas mais comuns de estruturação de um parágrafo, é preciso pensar na estrutura global do texto, ou seja, na sua macroestrutura. Veremos como se pode escrever uma redação coerente do princípio ao fim. O primeiro parágrafo (parágrafo-chave) é sempre o mais importante. Portanto, verifique se ele dá margem a uma boa expansão do tema. Nada sairá de um parágrafo-chave mal feito, em que se amontoam várias ideias ao mesmo tempo. Na organização de um texto, e fundamental a interligação entre os parágrafos. São eles que conduzem nosso processo reflexivo. Funcionam como partes de um todo e devem articular-se de forma perfeita para que a informação não se disperse.

A articulação por desmembramento do primeiro parágrafo

            Tomemos o texto de Bertrand Russell, “Minha Vida”, a fim de melhor apreendermos a forma como ele está construído:

Três paixões simples, mas irresistivelmente fortes, governaram minha vida: o desejo imenso de amor, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro em caminhos caprichosos para além de um profundo oceano de angústias chegando à beira do verdadeiro desespero.

Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - êxtase tão grande que sacrifica o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o, também, porque abranda a solidão - aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa da margem do mundo o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei.

Com igual paixão busquei o conhecimento. Desejei compreender os corações dos homens. Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a força pitagórica pela qual o número se mantém acima do fluxo. Um pouco disso, não muito, encontrei.

Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas a compaixão sempre me trouxe de volta a terra. Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos - odiosa carga para seus filhos - e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformam em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio, ardentemente, aliviar o mal, mas não posso e também sofro.

Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vivida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a oportunidade me fosse oferecida.

RUSSELL, Bertrand. Revista mensal de Cultura. Enciclopédia Bloch, n 53, set 1971. P. 83.

O texto é constituído de cinco parágrafos que se encadeiam de forma coerente, a partir das palavras-chave vida e paixões do primeiro parágrafo:

palavras-chave

1 º parágrafo – vida/paixões

2º parágrafo - amor

3º parágrafo - conhecimento

4º parágrafo - compaixão

5º parágrafo - vida

As palavras-chave vida e paixões prolongam-se em: amor, conhecimento e compaixão. Cada parágrafo irá ater-se a cada uma dessas paixões que moveram a vida de Russell.

Releia o texto e observe que as idéias desenvolvidas nos parágrafos 2, 3 e 4 estão contidas no parágrafo-chave (o primeiro) de forma embrionária. A passagem de um parágrafo para outro dá-se de forma bastante clara e precisa porque Bertrand Russell só o faz quando esgota o assunto específico de cada um deles. Ele desenvolveu em cada parágrafo apenas um tópico relativo à palavra-chave.

No último parágrafo, Russell usa um recurso de coesão textual (isso) que resume tudo o que disse antes sobre as paixões de sua vida (proposta de seu primeiro parágrafo), fechando o texto com exatidão. O parágrafo conclusivo deve sempre retomar, de forma sintetizadora, o pensamento que permeou todo o texto.

Podemos dizer que acabamos de ler um texto bem estruturado, pois em momento algum Bertrand Russell foge ao assunto que se propôs desenvolver. Os parágrafos encadeiam-se com naturalidade, fluindo com clareza para um fim, devido à forma como foram construídos. Tudo está amarrado ao primeiro parágrafo, que é a base da construção de um texto.

 

ARTICULAÇÃO POR INTRODUÇÃO DE ELEMENTOS NOVOS A CADA PARÁGRAFO

"Nascimento e morte do Universo", de John Gribbin, vai nos mostrar uma outra maneira de construir um texto, no que se refere ao encadeamento dos parágrafos.

Os cosmólogos sentem-se hoje muito perto de poder responder à velha pergunta dos filósofos: de onde viemos, para onde vamos? Não é necessário ser um homem de ciência para ter ouvido falar do Big Bang, expressão que descreve o nascimento do Universo sob a forma de uma bola de fogo, há cerca de 15 bilhões de anos. Mas mesmo entre os estudiosos, são poucos os que sabem algo mais acerca dessa teoria.

A tese que liga o nascimento do Universo a seu fim deve muito à combinação de duas grandes conquistas da física do século XX: a relatividade geral e a teoria dos quanta. Pesquisadores como Jayant Narlikar, da índia, e Jim Hartle, da Califórnia, assim como diversos especialistas soviéticos, deram sua contribuição. Mas aquele cujo nome está mais Estreitamente associado a essa descoberta é Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Hawking é, certamente, muito conhecido hoje como o autor de Best-seller sobre a natureza do tempo, mas também como vítima de uma doença que o confina a uma cadeira de rodas, podendo comunicar-se apenas com os movimentos de uma das mãos, da qual se serve para soletrar laboriosamente palavras e frases com a ajuda de um pequeno computador. Mas muito antes de ter atingido a celebridade, Hawking já havia sido reconhecido por seus pares como um dos mais originais e bem-dotados pensadores de sua geração. Durante 20 anos, seus trabalhos concentraram-se no estudo da singularidade - isto é, um ponto de matéria de densidade infinita e de volume nulo, como deve existir (segundo a teoria geral da relatividade) no coração dos buracos negros, ou tal como deve ter existido na origem do Universo.

O Universo pode ser descrito, na verdade, com as mesmas equações de um buraco negro. Um buraco negro é uma região do espaço na qual a matéria está de tal forma concentrada, e exerce uma força de atração gravitacional tão poderosa, que a própria luz não pode se afastar de sua superfície. Os objetos exteriores podem nele se aglutinar, mas nada do que existe em um buraco negro pode ser diretamente percebido do exterior. Um buraco negro pode-se formar quando uma estrela um pouco mais maciça que nosso sol, chegando ao fim da vida, contrai-se sobre si mesma. As equações da relatividade geral mostram que toda estrela que se "colapsa” no interior de um buraco deve efetivamente se contrair até o estado final de uma singularidade.

Os estudiosos desconfiam das singularidades, e mais genericamente das equações contendo quantidades infinitas: eles tendem a considerá-Ias como um indício de que há alguma falha em seus cálculos. Mas, uma vez que a relatividade geral já havia demonstrado brilhantemente sua veracidade, tiveram que se resignar a aceitar a idéia das singularidades, das quais ela prediz a existência. É nesse ponto que Hawking coloca fogo nas cinzas: ele mostra que as equações em virtude das quais se prova que o colapso de uma estrela produz uma singularidade levam igualmente a pensar no nascimento do Universo a partir de uma singularidade.

GRIBBIN, John. In: O correio da Unesco, n. 7, jul. 1990. p. 36-7.

As palavras-chave de Gribbin são nascimento do Universo e Big Bang. Observe que uma dessas palavras aparece sempre direta ou indiretamente a cada passo do texto. A elas se juntarão outras que darão especificamente a unidade de cada parágrafo. Vamos observar como Gribbin foi construindo seu texto:

■ no primeiro parágrafo, ele pergunta de onde viemos, para onde vamos. e depois introduz o assunto de que vai tratar: o Big Bang. Ao final do parágrafo, Gribbin afirma que, entre os estudiosos do assunto, são poucos os que conhecem algo mais acerca dessa teoria do nascimento do Universo;

■ o segundo parágrafo começa retomando essa teoria. Mas, em vez de usar a palavra teoria, ele preferiu usar o recurso de coesão da palavra quase-sinônima, tese. A essa tese se associam os nomes de dois pesquisadores: Jayant Narlikar e Jim Hartle. Ao terminar o parágrafo, John Gribbin diz que o nome que está mais associado a essa nova teoria sobre o nascimento do Universo é o do físico Stephen Hawking;

■ é com o nome de Hawking que ele começa o terceiro parágrafo, que só tratará da figura desse físico. Mas, no seu final, já aparece uma outra palavra - Universo -, com a qual iniciará o parágrafo seguinte;

■ o quarto parágrafo descreve o buraco negro a fim de explicar o Universo. No final, aparece a palavra singularidade, que servirá de abertura para o quinto parágrafo.

O texto de John Gribbin estende-se por mais quatro páginas, sempre seguindo essa forma de construção: o parágrafo encaminha-se para uma nova palavra que será o início do seguinte, mas sem perder de vista as palavras-chave: Big Bang e Universo.

Ao chegar à conclusão, escreve Gribbin:

Desse modo, os cosmólogos responderam à pergunta acerca de onde vem nosso Universo e para onde vai. Segundo eles, vivemos em um gigantesco buraco negro que encerra todo o cosmo. Surgido do nada como uma flutuação quântica do vazio, o Universo continuou sua expansão durante 15 bilhões de anos, mas em um ritmo sempre decrescente. Em um determinado momento de um futuro mais distante (dentro de várias dezenas de bilhões de anos, pelo menos), a força da atração da gravidade dará fim inevitavelmente a essa expansão e mudará seu sentido. Durante algumas dezenas de bilhões de anos, ainda, isso não terá praticamente nenhum efeito inquietante sobre as estrelas, os planetas e as formas de vida que nos rodeiam. Mas chegará um momento em que as galáxias se fundirão e as estrelas se chocarão entre si, aglutinando-se em uma massa amorfa; por fim, o Universo sw extinguirá, para desaparecer no nada como qualquer outra flutuação do vazio. Aqueles a quem esse anúncio da natureza efêmera do Universo possa entristecer consolar-se-ão ao saber que também devem existir outros Universos no infinito do espaço-tempo, alguns anteriores a nós, outros posteriores e outros, ainda, em certo sentido, ao nosso lado. Sic transit gloria mundi*.

Veja que o parágrafo conclusivo retoma o problema suscitado no parágrafo-chave: de onde viemos, para onde vamos. Gribbin une, assim as duas pontas do texto, fechando-o. É como se o texto desenhasse um círculo que, depois de sua trajetória, retomasse seu ponto de origem para alcançar a conclusão. É o mesmo processo que já havíamos observado no texto de Bertrand Russell.

Em síntese, eis o que devemos observar ao construir um texto:

1. O parágrafo é um conjunto de enunciados que se unem em torno de um mesmo sentido.

2. Não se deve esgotar o tema no primeiro parágrafo. Este deve apenas apontar a questão que vai ser desenvolvida.

3. O parágrafo seguinte é sempre uma retomada de algo que ficou inexplorado no parágrafo anterior ou anteriores. Pode ser uma palavra ou uma idéia que mereça ser desenvolvida.

4. Um texto é constituído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma ideia.

5. Reconheça mentalmente o que você sabe sobre o tema. É possível fazer um plano, mas talvez seja mais prático você listar as palavras-chave com que vai trabalhar. Preocupe-se com a seqüenciação do texto, utilizando os recursos de coesão de frase para frase e de parágrafo para parágrafo, sem perder de vista a coerência.

6. O parágrafo final deve retomar rodo o texto para concluí-lo. Por isso, antes de escrevê-lo, releia tudo o que escreveu. A fim de fechar bem o texto, o parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no primeiro.

7. Todo texto representa o ponto de vista de quem o escreve. E quem escreve tem sempre uma proposta a ser discutida para poder chegar a uma conclusão sobre o assunto.

 

PARÁGRAFO-CHAVE: FORMAS PARA COMEÇAR UM TEXTO

Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais simples

as mais complexas.

 

1. Uma declaração (tema: liberação da maconha)

 

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.

Alberto Corazza, Istoé, 20 dez. 1995

 

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

 

2. Definição (tema: o mito)

 

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.

 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires.  Temas de filosofia. São Paulo, Moderna, 1992. P. 62.

 

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

 

3. Divisão (tema: exclusão social)

 

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996

 

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai tomar.O autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.

 

4. Oposição (tema: a educação no Brasil)

 

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

 

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação.

Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

 

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformações.(...)

FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. P. 7.

 

O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.

 

5. Alusão histórica (tema: globalização)

 

Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

 

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

 

6. Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)

 

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.

 

A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação

 

7. Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)

 

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º grau em todas as regiões do território nacional.

Folha de S. Paulo, 27 nov. 1996

 

A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a conclusão.

 

8. Adjetivação (tema: a educação no Brasil)

 

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo. A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo

equivocada e pouco racional.

 

Anderson Sanches, Infocus, n 5, ano 1, out. 1996. P. 2

 

9. Citação (tema: política demográfica)

 

"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

 

DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro,

Vozes, 1995. P. 73.

 

A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.

 

10. Citação de forma indireta (tema: consumismo)

 

Para Marx a religião é o ópio do povo Raymond Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.

 

Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 de nov. 1996.

 

Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada.

 

11. Exposição de ponto de vista (tema: o provão)

 

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.

Orlando Silva Junior e Eder Roberto Silva, Folha de S. Paulo, 5 nov. 1996

 

Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.

 

12. Comparação (tema: reforma agrária)

 

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. P. 101.

 

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.

 

13. Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)

 

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.

Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995

 

Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar comum que todos eles trazem. No exemplo acima, o autor diz "o corriqueiro adágio" e assim demonstra que está consciente de que está partindo de algo por demais conhecido.

 

14. Ilustração (tema: aborto)

 

O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto.

O tema é tabu no Brasil.(...)

Antônio Carlos Viana, O que, edição de 16 a 22 jul. 1994

 

Você pode começar narrando uma fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida.

 

15. Uma seqüência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a impunidade no Brasil)

 

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru.

Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás.

Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

 

O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.

 

 

16. Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: a intolerância)

 

Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei de França, sob ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História.(...)

Desse horror a História do Brasil está praticamente livre(...)

Veja, 25 out. 1995

 

O resumo do filme A rainha Margot serve de introdução para desenvolver o tema da intolerância religiosa. A coesão com o segundo parágrafo dá-se através da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme contado no parágrafo inicial.

 

17. Descrição de um fato de forma cinematográfica (tema: violência urbana)

 

Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega - um bar da moda, freqüentado por jovens bem-nascidos.

Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.

Josias de Souza, Folha de São Paulo, 30 set. 1996

 

O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do movimento "Reage São Paulo".

 

 

18. Omissão de dados identificadores (tema: ética)

 

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.

O Globo, 13 set. 1992

 

As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

 

EXERCÍCIO

1 - Os parágrafos do texto abaixo foram transcritos fora de ordem. Reordene-os, usando os números que os antecedem. Justifique depois sua sequência.

A conquista do espaço urbano

1. Esses bairros se diferenciam dos chamados "bairros residenciais" pelo fato de serem construídos por seus próprios habitantes, que não recebem qualquer financiamento externo nem obedecem à legislação sobre propriedade ou às normas urbanísticas em vigor. Geralmente, a posse dos terrenos se dá de maneira ilegal - mediante ocupação ou invasão - e a cronologia do processo de urbanização estabelecida pela sociedade de direito se inverte: primeiro, ocupa-se o terreno, depois constrói-se nele, em seguida se cuida de urbanizá-lo e dotá-lo de serviços públicos para, finalmente, seu ocupante adquiri-lo legalmente.

2. Mas, de acordo com o dicionário, "espontâneo" é um movimento impulsivo, sem reflexão nem cálculo, um ato instintivo que obedece à natureza (e não à cultura), livre de qualquer incitação ou obstáculo. Temos de reconhecer que, pelo menos no caso de Lima, não é correto empregar-se esse adjetivo. Na realidade, os bairros assim qualificados possuem uma coerência e um rigor que não podem ser atribuídos a atos irrefletidos, involuntários e, menos ainda, desvinculados de qualquer contexto histórico. Eles constituem de fato a resposta dos pobres à ineficiência dos órgãos públicos e privados.

3. Em Lima, logo após a II Guerra Mundial, os chamados "bairros espontâneos" multiplicaram-se em virtude da concentração demográfica causada pelas migrações internas, da falta de moradias para as classes desfavorecidas e da ausência de uma política em matéria de habitação popular.

4. Nesse modo peculiar de ocupação do solo, os bairros construídos pelos pobres surgem repentinamente, às vezes em poucas horas, e durante anos conservam um aspecto inacabado, com construções precárias ou em obras, equipamentos deficientes e ausência de serviços municipais - características que deram a essa nova forma de urbanização o qualificativo de "espontânea".

O Correio da Unesco, n. 3, mar. 1991. pp. 29-30.

 

 

A TÉCNICA DA DISSERTAÇÃO: ASPECTOS NEGATIVOS

 

Na produção de um texto dissertativo, precisamos estar atentos a certas falhas que dificultam a compreensão de nossas ideias ou enfeitam o texto. Para que haja clareza, coerência e concisão, é conveniente evitar essas falhas na redação. Vejamos:

Ø  Ambiguidade: quando fala clareza, o sentido de uma frase pode ficar ambíguo, isto é, pode dar margem a mais de uma interpretação. Veja:

Mariana foi com sua mãe à exposição de Monet, em São Paulo.

            Normalmente isso ocorre quando empregamos os pronomes possessivos seu(s) e sua(s). Para evitar a ambiguidade, substituímos esse pronome por dele(s) ou dela(s) observe:

 Cláudia queixou-se a Felipe de sua professora.

Corrigindo a ambiguidade teríamos:

Cláudia queixou-se a Felipe da professora dela (ou dele).

Nem sempre esse é o único recurso. No caso dessa frase, por exemplo, podemos escrevê-la da seguinte forma:

Cláudia queixou-se de sua a Felipe.

            A pontuação incorreta e a colocação dos termos na frase também podem dar margem a duplo sentido.

Veja:

Convence, enfim, o pai o filho amado.

            Pode-se entender que o pai convence o filho, ou o filho convence o pai, não é mesmo?

            A construção correta, para que o sentido da frese não fique ambíguo, seria:

Convence, enfim, o pai, ao filho amado. Na ordem direta ficaria: O pai convence o filho, enfim.

Ø  Clichês: Tornou-se corriqueiro o uso de frases feitas ou expressões já consagradas pelo uso popular. São os chamados clichês ou chavões. Observe:

Desde os primórdios de nossa cultura.

Não dava ponto sem nó.

Tudo ficou escondido a sete chaves

Ele deu o golpe do baú.

Também é comum o emprego de certos provérbios como estes: Há males que vêm para o bem; Dize-me com quem andas que eu te direi quem tu és; e muitos outros.

Esses chavões típicos da linguagem coloquial empobrecem qualquer tipo de redação, revelando falta de recursos para se expressar. Evite usar construções como: perde o bonde na história, abrir com chave de ouro, não poder passar em brancas nuvens, inflação galopante, instante memorável, etc.

Logicamente, quem escreve bem procura a originalidade na exposição das ideias, empregando uma linguagem simples e criando um estilo próprio, bem pessoal.

Ø  Cacofonia: Às vezes, a união de duas palavras produz um som desagradável, dando origem a uma terceira palavra, de sentindo inconveniente. Observe:

Recebi elogios por cada um de meus trabalhos (porcada)

Podemos confiar já nela certamente. (janela)

Ele sentiu a boca dela trêmula e fria. (cadela)

            Como você percebeu, o cacografo enfeia bastante a linguagem e precisa ser substituído por outra construção mais elegante.

Ø  Eco: Esse é o defeito frequente em textos: palavras que possuem a mesma terminação são repetidas, produzindo um som desagradável. Observe:

A comissão fará a alteração da questão, antes da divulgação dos resultados.

            Há originalidade e criatividade na montagem desta atividade.

Ø  Prolixidade: Tanto na escrita como na fala, a clareza e a objetividade são fundamentais. Devemos usar, portanto, apenas as palavras necessárias à comunicação de nossas ideias, buscando-se a concisão, que é o contrário da prolixidade.

Um texto extenso, devido ao emprego excessivo de palavras, torna-se monótono e cansativo. A linguagem prolixa chega a dificultar a compreensão imediata de um texto. Observe o texto a seguir.

 

MULHER MODERNA

 

A situação da mulher modificou-se bastante na sociedade rural.

Hoje ela passou a assumir um espaço antes ocupado somente pelos homens. Aquela figura doméstica, de “rainha do lar”, adquiriu-se ares de emancipação jamais vistos. Na verdade, ela tornou-se independente, construindo uma carreira profissional e fazendo-se respeitar em sua função, no trabalho.

            Na família, ela divide com o marido não só as tarefas caseiras, mas também as responsabilidades de chefe. Antes de mais nada, ela sente orgulho por ajudar nas despesas da casa. Por outro lado, o marido deveria sentir-se aliviado, ao perceber essas mudanças: todavia, daí é quem surgem, muitas vezes, novos problemas.

            Essas mesmas ideias poderiam ser expressas numa linguagem mais “enxuta”, e teríamos um texto mais objetivo. A economia e escolha das palavras na elaboração de um texto é indispensável para uma boa redação.

 

Ø  Obscuridade: Períodos longos, pontuação incorreta, linguagem rebuscada e estruturação confusa tornam o texto obscuro, isto é, de difícil compreensão.

Observe:

A existência ostensivamente farta e promiscua de alguns privilégios macroempresários do primeiro mundo enche de inveja certos míseros mortais, que têm o céu como teto, mas ainda assim sonham com a vida paradisíaca de verdadeiros nabados.

            Nada como a clareza, não é mesmo? Uma linguagem objetiva e simples é fundamental na comunicação das ideias.

Ø  Redundância: Outro grave problema na redação é a repetição ou redundância. Muitas vezes escrevemos a mesma palavra ou as mesmas ideias, repetidamente, sem perceber. É necessário que façamos sempre uma ou mais leituras do texto que escrevemos para a correção desses “defeitos” que desvalorizam na redação.

 Veja no exemplo:

Atualmente, nos dias de hoje, há uma violência crescente nas zonas urbanas, nas áreas de grande concentração das cidades grandes. Por isso os cidadãos começaram a participar de grandes campanhas, visando ao desarmamento da população civil.

Muitas palavras desse texto poderiam ser eliminadas ou substituídas por um sinônimo, concorda? Evite a repetição em seus textos, para torna-los mais corretos e interessantes.

 

ATIVIDADES

1 – Desfaça a ambiguidade de sentido nas frases a seguir:

a)    Luciana recusou o dinheiro e seu noivo também.

_______________________________________________________________________

b)    Os policiais acharam o burro do seu Joaquim na estrada.

_______________________________________________________________________

c)    Necessitamos de uma digitadora para produzir textos e um analista de sistemas.

_______________________________________________________________________

2 – Identifique os cacófatos nas frases que seguem e reescreva-as, eliminando a cacofonia.

a) Eu queria ser como ela; gentil e meiga.

b) Ela tinha uma boa solução para os problemas.

c) Necessitamos de uma digitadora para produzir textos e um analista de sistemas.

 

3 -  Marque os ecos que ocorrem nas frases a seguir.

a) Sua participação aumentou a produção na área de medição da empresa.

b) A campanha beneficente foi comovente e despertou a sensibilidade dos dirigentes governamentais.

c) O organizador de campeonato mostrou-se superior diante do jogador, ao repreendê-lo.

d) O gentil guarda-civil acompanhou o grupo infantil até a entrada da escola.

e) A história conta a vitória e a glória de grandes líderes.

 

AMBIGUIDADE

 


Evite frases que admitem mais de uma interpretação, mesmo que para isso, tenha que recorrer a frases mais simples. Veja um exemplo do que chamamos de ambiguidade:

Candidato condena reunião na manchete.

O candidato estava na TV Manchete ou a reunião teria sido a manchete? Para eliminar essa ambiguidade podemos reescrever a frase de outras maneiras:

Na Manchete, candidato condena reunião.

Candidato condena reunião promovida pela Manchete.

Exercício

1 – Identifique os dois sentidos presentes em cada frase, deixando claros seus significados:

a) O rapaz admirava a garota que dançava com olhar tristonho.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Vereador reassume pedindo aumento de salário.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b)    Minha irmã assistiu ao incêndio do prédio.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

c)    Pessoas que comem alimentos gordurosos frequentemente adoecem.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

 

REDUNDÂNCIA

É a repetição desnecessária de palavras:

Há alguns anos atrás não se dizia tal palavra diante do país.

Ainda estou a procura do elo de ligação entre os fatos.

Haver já indica tempo passado, portanto não é necessário acrescentar à frase o advérbio atrás, e o elo por si só significa elemento de ligação.

 

Exercícios

1 – Analise a frase abaixo, retirada de um anúncio publicitário e responda às questões propostas:

Encare o sol de frente.

a) Qual a redundância que apresenta?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Você acha que a expressão aparece por descuido ou é um recurso de estilo? Com que intenção teria sido usada?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

2 – Reescreva as frases eliminando palavras desnecessárias.

a) Você poderia repetir de novo a explicação?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Ganhei grátis dois ingressos para o circo.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

c) Para terminar a construção, só falta o acabamento final.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

d) Precisamos criar milhões de novos empregos.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

d)    Recuem para trás: vocês estão à beira do abismo.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

 

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1 – Indique qual o aspecto negativo presente nas frases abaixo, sendo – ambiguidade, cacofonia, abreviação, redundância, solecismo, eco, prolixidade, obscuridade, gírias.

a) Encontrei-o preocupado __________________________________________________

b) Ela tinha muito dinheiro __________________________________________________

c) A reação da população foi de pura emoção ___________________________________

d) Aconteceu, naquela manhã, muitos problemas com a eleição ____________________

e) Veja com seus olhos. Estou bem! ____________________________________________

f) É preciso ter fé de mais _____________________________________________________

g) Já não posso amá-la, já que nela não penso mais _______________________________

h) Ganhei grátis ingressos para o circo __________________________________________

i) A vida é uma caixinha de surpresas ___________________________________________

j) Característica daquela que fala “demais” sem necessidade _________________________

l) Quando há em um texto períodos longos, pontuação incorreta, linguagem rebuscada e confusa, sabemos que o aspecto negativo presente e ______________________________

m) Não vou pra casa de Sandra, pq tenho que estudar ______________________________

n) Os jovens de hoje não gostam, tipo assim, de escrever corretamente, porque acham careta e preferem usar uma linguagem mais simples _______________________________

o) Convence, enfim, o pai, o filho amado _________________________________________

 

2 – Indique qual aspecto negativo presente nas frases abaixo, e corrija-as eliminando aspecto.

a) Dei-lhe um real por cada figurinha e ele ainda não quis.

b) Maria pediu a Pedro para sair.

c) A brisa matinal da manhã estava deliciosa naquele ambiente natural.

d) falta cinco alunos para começarmos a prova.

e) Nunca Brito vem no horário, mas que meninos sem compromisso!

 

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

TEXTO 1

Muita paciência com os adultos

I

(...) Quando os adultos conversam entre si,
Quase sempre falam de números
Quando querem conhecer alguém,
Perguntam-lhe onde trabalha,
O que possui, quanto ganha,
Que cursos fez,
E quais suas relações sociais.
Se falam de uma casa, dizem:

“Quatrocentos milhões, senhores!”
E logo a imaginam a sua frente.

 

                        II

Se falas de um amigo as crianças,
Elas te perguntam: “Coleciona borboletas?”
“Sabe assobiar?”
Se falas de uma casa,
Perguntam que cor tem,
Se há flores na janela
Ou ninhos de passarinhos no telhado
(...)
Os adultos não entendem nada.
Não a nada a fazer com eles.
Só falam de lucros.
Só se interessam pelo dinheiro.
“As crianças têm de ter
muita paciência com os adultos!”

 

1 – Deve-se ter “paciência com os adultos” porque:

a) Eles não sabem o que querem

b) Eles perderam a razão e o sentido da vida, ao se preocuparem demasiadamente com os bens materiais.

c) Eles só têm interesse nas relações sociais voltadas para os bens materiais.

d) Eles só perguntam coisas banais aos outros.

 

2 – Pode-se resumir a principal crítica do texto na alternativa:

a) Verdadeiras relações humanas desgastadas pelo interesse material.

b) Desinteresse dos adultos para manter amizades.

c) Interesse que há pro trás das relações sociais, em qualquer idade, infantil e adulta.

d) Interesse dos adultos pelos números.

 

3 – Um ditado ou provérbio popular que se assemelha ao texto é:

a) As aparências enganam.

b) É mais importante o ter do que ser.

c) Nem tudo que reluz é ouro.

d) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

 

4 – No texto, o autor:

a) Enfatiza o valor que as crianças dão ao mundo dos adultos.

b) Mostra a importância que as crianças dão aos adultos.

c) Realça os valores distintos que as crianças e os adultos dão as coisas.

d) Mostra como as crianças são inocentes.

 

5 – Ao procurar definir o que é importante para os adultos, o autor só NÃO enfatiza como suporte para o desenvolvimento da temática.
a) o lucro                b) as mansões       c) os números      d) as relações interpessoais

6 – Pode-se identificar, no desenvolvimento do texto, a seguinte postura do autor.


a) Enfatiza um relato incoerente ao referir-se as crianças e aos adultos.
b) Apresenta intenção predominantemente crítica em relação à sociedade.
c) Usa, como recurso recorrente, a ironia.
d) Emprega, eventualmente, linguagem infantil, a fim de realçar a importância das crianças.

 

TEXTO 2

O bicho

Manoel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos

Quando achava algumas coisa
Não examinava, nem cheirava.
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão
Não era um gato
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um Homem.


1 – Denota uma ação rápida da personagem do poema:


a) Vi ontem um bicho
b) Catando comida entre os detritos
c) Engolia com voracidade
d) Não examinava, nem cheirava

 

2 – O tom exclamativo da expressão “Meu Deus” significa que o autor:

a) Alegrou-se com a cena
b) ficou indiferente
c) Simplesmente abordou o sistema social da fome
d) ficou chocado com o que viu

 

3 – A primeira sensação comunicativa que o texto nos oferece é:

a) Olfativa                        b) Visual                      c) Auditiva                  d) Gustativa

 

4 – Confirma a afirmação acima:

a) Vi (linha1)         b) Achava (linha 4)         c) Cheirava (linha 5)       d) Engolia (linha 6)


5 – Ao usar o termo “bicho” o poeta procura chamar a nossa atenção para o fato de, nessa situação de miséria:

a) cão, gato e rato serem animais de lixo
b) o homem ter instinto animal
c) o homem ser tratado como animal
d) o homem ser reduzido a condição de um animal

 

TEXTO 3

Máquinas

Rosena Murray – Paisagens

I
Agora todos falam a língua das maquinas.
a TV faz de conta que o mundo é dela, é sempre igual, é o que cabe dentro da tela.
II
Timidamente eu discordo. Penso que o mundo é um acorde imenso de imensas geografias e diferenças.
III
Nenhum homem é igual a outro homem.
E só por esse mistério a vida já vale a pena.

1 – Todas as opções estão corretas,  exceto:

a) A vida vale a pena
b) Os homens são diferentes entre si.
c) Todos, sem exceção, falam a linguagem das máquinas.
d) O mundo, para o eu lírico, é cheio de diferenças.

2 – O mistério pelo qual a vida vale a pena é:
a) O mundo é o que cabe dentro da tela
b) Todos falam a língua das máquinas
c) Os homens são diferentes
d) Tudo é o belo e imenso.

 

3 – São características do narrador, exceto:

a) Esperançoso    b) Tem opinião própria     c)  Gosta da vida      d) Desanimado



4 – Pode-se inferir do trecho “a TV faz de conta que o mundo é dela” que:

a) Para a TV, o mundo se resume a tudo o que passa em sua tela
b) Tudo gira em torno e a favor da TV
c) Todos falam a língua da TV
d) A TV gera grandes benefícios para a humanidade

 

TEXTO 4

“A luta contra a poluição e em favor da preservação do meio ambiente é mundial. Em todo o planeta, multiplicam-se as associações e grupos de pessoas conscientes de que, se não houver um interrupção do processo poluidor e uma recuperação das zonas, tanto na terra, quanto no ar e no ambiente aquático, já devastados, o mundo se tornará inesquecível dentro de muito pouco tempo”.

“O tema vem crescentemente ganhando adeptos e motivando a formação de uma consciência crítica em relação ao fenômeno, embora seja ainda longe de poder produzir resultados compatíveis com as necessidades”.

Revista interior, ano VII, nº 38, pág. 11

1 – Todas as alternativas correspondem ao texto, exceto:

a) Mesmo havendo interrupção do processo poluidor, breve o mundo se tornará inabitado.
b) O que se vem realizando atualmente no combate à poluição ainda não é satisfatório.
c) Embora já se combata a poluição, ainda vai demorar o seu desaparecimento.


2 – A expressão “resultados compatíveis com as necessidades” (ultima linha do texto) significa:

a) Resultados que superam as necessidades
b) Resultados que anulam as necessidades
c) Resultados que não alcançam as necessidades
d) Resultados que se conciliam com as necessidades

3 – Todas as alternativas correspondem ao texto, exceto:

a) As zonas poluídas a serem recuperadas estão na terra, água e no ar.
b) O processo poluidor é uma ameaça no meio ambiente
c) Há preocupação ecológica apenas para recuperar o meio ambiente terrestre.
d) A luta pela natureza abrange a defesa da terra, do ar e da água.

4 – Todas as alternativas correspondem ao texto, exceto:

a) Devido à formação de uma consciência crítica, o fenômeno da poluição já começa a diminuir.
b) Preservar o meio ambiente é preocupação mundial.
c) A poluição é um fenômeno contra o qual vem-se despertando a consciência mundial.
d) Muitas pessoas se emprenham em conservar o meio ambiente livre da poluição

5 – A expressão grifada no trecho “grupos de pessoas conscientes de que, se não houver uma interrupção do processo poluidor e uma recuperação das zonas” indica:

a) causa                     b) condição                      c) oposição                      d) explicação

6 – Assinale a única alternativa cujo significado não corresponde a expressão “... em favor da preservação”... (linha 1 do texto)

a) em prol da preservação
b) em proveito da preservação
c) em oposição a preservação
d) em defesa da preservação

 

Leia o texto para responder as questões de 1 a 4.

APELO

Dalton Trevisan

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço , o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.

E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

1 – O marido foi beber com os amigos porque:

a) Queria aliviar a sensação de vazio causada pela ausência
b) desejava distrair-se
c) suportava, com dificuldade, a presença da mulher
d) planejava chegar tarde em casa


2 – A intenção do autor no texto é:

a) mostrar a importância da mulher nos trabalhos caseiros
b) suplicar a mulher que volte pra casa
c) solicitar a ajuda dos amigos
d) relatar fatos de sua vida intima


3 – No texto, o emprego da palavra “Senhora” não sugere:

a) afeto                          b) carinho                 c) entusiasmo         d) afabilidade

4 – “Não foi ausência por uma semana”. Essa frase expressa a seguinte ideia:

a) Durante uma semana senti a sua ausência
b) Somente na primeira semana senti a sua ausência
c) Durante a primeira semana não senti a sua ausência
d) Durante a primeira semana você não ficou ausente


5 – Nas frases abaixo, encontramos algumas palavras grafadas incorretamente. Localize-se e corrija-as.

a) É um privilégio ter amigos como você. _________________________________________
b) Se ele quiser, poderá me ajudar neste trabalho.__________________________________
c) Ele ficou obcecado por mim._________________________________________________
d) Foi através dele que consegui muitos recursos para o projeto.______________________
e) Ele quer ser assessor do presidente da faculdade._______________________________
f) Quase toda regra tem exceção. ______________________________________________
g) Os cidadães tem o mesmo direito.____________________________________________
h) Prestarei acessoria na área de pedagogia quando me formar.______________________
i) Aconteceu derrepente a explosão e ninguém se deu conta._________________________
j) Houve uma discussão na sala de aula por causa de uma matéria.____________________
k) Não há empecílios quando se quer vencer!_____________________________________
l) Hoje comi um mixto delicioso.________________________________________________

 

Leia o texto de Mahatma Gandhi para responder as questões de 1 a 4:

Um dia, um filósofo indiano fez a seguinte pergunta aos seus discípulos:

- Por que é que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?

- Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.
- Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?, questionou novamente o pensador.

- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro discípulo. E o mestre voltou a perguntar:

- Então não é possível falar-lhe em voz baixa? Surgiram várias outras respostas, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu:

- Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus corações afastam-se muito. Para cobrir essa distância, precisam gritar, para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvirem um ao outro, através da grande distância.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão apaixonadas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes, os seus corações estão tão próximos, que nem falam, somente sussurram. E, quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer de sussurrar, apenas olham, e basta. Os seus corações entendem-se. É isso que acontece quando duas pessoas se amam, estão próximas. Por fim, o filósofo concluiu dizendo:

- Quando vocês discutirem, não deixem que os seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

1 – Marque a ideia central do texto:

a) Discussões às vezes, dependendo da briga, é salutar para que se cresça espiritualmente.
b) As pessoas só podem sussurrar quando estão perto, caso contrário o outro não escuta.
c) O amor é o mais importante dos sentimentos
d) Falar baixo é o essencial para que se efetive a comunicação



2 – Assinale a alternativa incorreta:

a) Está correta a seguinte reescrita do período: foram apresentadas muitas soluções distintas, porém nenhuma o persuadiu.
b) O mestre foi convencido, finalmente, pelo fato de que é necessário, às vezes, gritar quando o outro não o escuta.
c) O vocábulo “corações” no texto está empregado conotativamente, como nome abstrato.
d) A seguinte re-escrita mantem a ideia básica da primeira pergunta do texto: Por que a gente braveja diante de um aborrecimento?


3 – Um ditado popular pode ser relacionado com o texto é:

a) Amor com amor se paga
b) Nem tudo que reluz é ouro
c) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando
d) Só damos valor ás coisas quando as perdemos


4 – Marque a alternativa correta a respeito do texto:

a) A falta de título deixa uma “lacuna” no texto, pois o último é essencial ao texto.
b) Não se pode considerar, pelo texto “errado” gritar as vezes, pois faz parte desse mundo globalizado expressar nossos sentimentos da melhor forma possível.
c) O autor é considerado um pacifista pelos seus pensamentos, divulgados pelo mundo.
d) Os argumentos apresentados são inconsistentes do ponto de vista semântico.


5- Explique o sentido da expressão “..não deixem que os seus corações se afastem”...

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